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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Prefiro equações numéricas

Não entender direito como as coisas funcionam sempre me deixou um pouco irritada. Das equações matemáticas de segundo grau às fórmulas para calcular o volume de um cone dentro de um trapézio. Das contas para encontrar a força necessária para movimentar uma polia – eu sempre lembro do meu professor de Física quanto faço “puxada alta” na academia – às ligações peptídicas.
Enfim, não entender “coisas” contribuiu bastante para minha gastrite. Chega um momento em que você desiste de aprender, decora a fórmula, faz um milhão de exercícios e passa no vestibular. Pronto. Nunca mais a trigonometria me perturbou.
Aí você tenta a mesma tática com as pessoas. Porque tem muita gente que é incompreensível. E não entender as pessoas é chato também. Não irrita, mas aflige.
É que não tem fórmula para pessoas.  Depois de brigar muito, ou se omitir demais, você até consegue aprender como lidar com elas. Mas, nem sempre dá certo. Não é como com números. Na matemática a fórmula nunca falha. Já com as pessoas...
E para descobrir mais ou menos como agir, é preciso muito exercício, muito teste. Assim como com os problemas de física. Só que fazer exercício com pessoas acaba com a minha sanidade.
Não dá pra pegar a borracha, apagar todos os cálculos e começar tudo de novo. Não dá pra arrancar a página do caderno, amassar e jogar fora. Não dá pra fazer anotações e perguntar pro professor na próxima aula. Não dá pra simplesmente esquecer aquilo tudo, escolher uma profissão que não exija raciocínio matemático e botar fogo no livro de exercícios.
Tem que encarar. Porque é preciso conviver. Vivemos em sociedade, não é mesmo? Não dá pra entrar numa bolha com um computador, um livro e um saco de balas de caramelo. Não sem ser internado numa clínica psiquiátrica. O que pode ser uma bela escapatória.
Mas, tentando não enlouquecer, é difícil entender as pessoas. E o comportamento delas.
E por que tentar?
Porque o comportamento delas interfere diretamente no seu. Por mais que a gente tente ser indiferente e seguir o próprio caminho, sempre vai ter a vida de alguém no meio. Pra ajudar, ou pra atrapalhar. Ou pra não fazer nada, o que irrita também.
E existem umas convenções falhas que você jamais vai ver no mundo dos números. O 1 é sempre o 1. E o resultado de 5 + 5 é sempre o mesmo. Agora, no mundo real das pessoas humanas, é mais parecido com a química – tudo depende das condições de temperatura e pressão. E de cortisol no organismo.
Porque existe uma definição de amigo, de mãe, de irmão, de filho, de cachorro. Mas ela muda em algumas situações. Varia de acordo com os interesses do amigo, da mãe, do irmão, do filho, do cachorro. Tudo multiplicado pelo o que você espera do amigo, da mãe, do irmão, do filho, do cachorro. Elevado ao quadrado e dividido por dois.
Como na matemática, o resultado depende de quem faz as contas. Bom ou ruim, cabe a você lidar com ele. E é aí que começa o verdadeiro problema.
Agora eu entendo porque algumas pessoas preferem os números.

Obs1: Nunca coloque fogo em livros. Eles sempre podem ajudar alguém. Doe pra biblioteca mais próxima de você.
Obs2: Nunca coloque fogo em pessoas. Mesmo que elas não sirvam pra ajudar ninguém. Dê um livro pra elas.