quarta-feira de cinzas e quem resetou a vida no carnaval vai ao poucos voltando à realidade.
por aqui vamos falar de "Elvis", uma cinebiografia envolvente e com uma trilha sonora que vale favoritar no spotify.
ninguém passa incólume a Elvis Presley. e para quem sabe pouco sobre a história dele, o filme é um ótimo pretexto para conhecer mais. a trama é escrita e dirigida pelo australiano Baz Luhrmann. quem assistiu Moulin Rouge (2001) e The Great Gatsby (2013), também assinado pelo diretor, vai reconhecer a estética.
"Elivis" não é o primeiro filme sobre a vida do ídolo pop. a diferença, desta vez, está no narrador escolhido para contar a história - o empresário do cantor, "coronel" Tom Parker (Tom Hanks).
Parker é conhecido por explorar e roubar Presley (Austin Butler) por mais de 20 anos, usando as vulnerabildades dele e da família. é visto também como o responsável pela depressão e pela dependência que Elvis desenvolveu em tranquilizantes e outras drogas - uma combinação que resultou em sua morte precoce. penso que o interessante do filme é acompanhar tudo isso pelo ponto de vista do "vilão", e ainda assim, terminar o filme com ódio dele.
permitir que Tom Parker construa toda a narrativa invevitavelmente traz uma humanização para o coronel. é que ele, bem ou mal, justifica as próprias atitudes - e responsabiliza Elvis por "se permitir ser explorado". de fato, em determinados momentos da história, a gente questiona a ingenuidade do cantor.
o ponto alto do roteiro, na minha perspectiva, é a tentativa de dar créditos à cultura negra pela fama de Elvis Presley. o filme começa situando o menino Elvis em uma comunidade pobre e majoritariamente ocupada por pessoas negras em Mississipi, onde ele morava com a família. sofreu grande influência, desde a infância, da música gospel negra. adolescente, em Memphis, começou a ficar conhecido por fazer cover de grandes hits da black music - que na voz de um jovem branco ganhou passabilidade e chegou aos grandes palcos.
o filme também mostra uma relação próxima entre Elvis e B.B King - o rei do blues.
"eles podem me prender por atravessar a rua, mas você é um branco famoso" - essa é uma das falas mais emblemática de B.B King em um dos diálogos com Presley, que na época era perseguido pela dança libidinosa que virava a cabeça das moças de família.
não se sabe se a amizade entre os dois foi tão próxima quanto a retratada nas telas. mas, é essa relação que, no filme, ajuda a construir alguma consciência política de Elvis, em meio à ebulição da luta pelos Direitos Civis nos EUA.
é preciso mencionar também a atuação de Austin Butler, que sublimou a mera imitação. os trejeitos estão lá, mas não simplesmente. ele de fato se tornou um Elvis. e a caracterização de Tom Hanks como o canastrão Tom Parker me deixou várias vezes na dúvida. eu só acreditei que era o ator quando vi o nome dele nos créditos.
Indicações ao Oscar 2023
Melhor filme
Melhor ator (Austin Butler)
Melhor edição
Melhor design de produção
Melhor fotografia
Melhor figurino
Melhor maquiagem e penteado
Melhor som
Já levou
BAFTA e Globo de Ouro de melhor ator (Austin Butler)