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terça-feira, 6 de setembro de 2011

O mundo não é feito só de Jaquelines

Na semana em que a Câmara dos Deputados decidiu absolver Jaqueline Roriz eu perdi totalmente a esperança em tudo.  Fui tomada pela sensação de que o crime compensa e que ser honesto nesse país não vale de nada. A gente é do bem, paga os impostos e respeita a Constituição por princípios morais e valores que papai e mamãe nos ensinaram. Mas a única vantagem disso é um sono tranqüilo. Ou nem isso, porque eu duvido que essa galera tenha um minuto insone com peso na consciência.
Numa realidade mais próxima,  sem precisar chegar às grandes cifras (que nenhum de nós, mortais, terá acesso um dia) de políticos corruptos, a gente também tem exemplos dessa postura individualista que parece ser a nova doutrina do mundo. O importante é tirar vantagem. Seja no Congresso ou na vaga do estacionamento. Seja puxando o tapete do coleguinha no trabalho ou aceitando uma propina para macular uma licitação.
Até nos comportamentos mais ingênuos, quando a gente quer sempre ser acompanhado e nunca acompanhar. Quando prioridade são os seus anseios e por isso você ignora totalmente o que seu pai, namorado ou amigo quer fazer. The Age of Selfishness.
Então, tá! É cada um por si agora!
Não. Não é não. Não dá pra conviver só com o próprio umbigo.
Cada ato nosso reflete na vida de alguém. Meio efeito borboleta mesmo. E, se eu estivesse certa e o mundo fosse feito só de pessoas egoístas, seria insuportável.  Tá bom que tem aquele energúmeno que estaciona em fila dupla e te deixa presa no estacionamento 40 minutos porque, afinal, acha que é o dono da rua. Mas, tem aquela pessoa que se compadece de você e, mesmo sem te conhecer, fica lá debaixo do sol tentando pensar em alguma alternativa pra te ajudar.
Tem quem se aproxime de você por interesse ou conveniência. Mas tem o tio do churros que te dá colheradas generosas de doce de leite só pra matar sua vontade, sem pedir nada em troca.
Tem a sua operadora de telefone que sempre inventa taxas e nunca resolve o seu problema - pelo contrário, sempre te cria problemas. Mas tem aquele garçom que sempre te dá dicas dos melhores partos, te atendente prontamente, sempre sorrindo e faz valer os 10%.
E quando você se arrebenta num acidente de carro e estranhos param te oferecer ajuda, para te levar pro hospital ou para ficar com você sentada na sombra até sua mão parar de tremer... é aí que você se dá conta de que o mundo não é feito só de Jaquelines.
Os bombeiros, os PMs, os estranhos que trocaram a corrida no parque pra ajudar uma estranha, a minha querida redação... todos me mostraram que a humanidade ainda é humana. E, no final das contas, acho que aquela pancada toda foi era pra isto: uma tapa na cara, [ou, pra ser mais literal, um ricochete nas costas] pra mostrar que sim, toda regra tem exceção. E a regra é ser bom!  As Jaquelines – e aqueles que a absolveram – são as exceções.
São essas pequenas grandes coisas que fazem a diferença. Então, se dá para ser gentil, se dá para ajudar, se dá para ser justo, se dá para oferecer a mão... façamos. 
Lembrando que, oferecer a mão não é passar a mão, queridos parlamentares. Assumir as conseqüências dos atos faz parte do viver em sociedade, já que o pato sempre sobra para alguém. Portanto, assuma o seu.
E, se não tiver dormido pelo menos cinco horas de sono, não dirija.

Um comentário:

  1. =O Tá tudo bem? Quando foi isso?

    Ainda quero acreditar que existem pessoas boas e honestas nesse mundo...

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