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quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

"O que existe é o Sol, o resto é invenção"

Não que eu acredite em espíritos, mas que eles existem, existem!
Tem um que sempre incorpora em mim quando eu estou dirigindo ou assistindo futebol. É a entidade mais desbocada e impaciente que eu conheço. E ela é forte! Forte e inconseqüente – duas características que juntas são um desastre iminente.
O fato é que, dirigindo ou vendo futebol, eu solto palavrões que eu nem conheço e desafio a medicina me mantendo viva mesmo com os batimentos acelerados e a pressão baixa.
Não sou eu. É a entidade que me domina. De um jeito meio torto ela me ajuda a controlar o nível de cortisol. Mas tem situações que nem ela dá conta.
Pode xingar, chorar, gritar... só o vômito de palavras dá jeito. Isso quando elas saem. Às vezes ficam presas de uma maneira que não há dedo na garganta que resolva. Elas entalam e ficam te sufocando por vários dias... até que de repente vem aquele jato misturado com suco gástrico e bile! Alivia quem vomita, enoja quem vê. Nesse caso, lê.
Mas, este vômito aqui não é sobre vômito não.
É sobre a incapacidade humana de viver um dia de cada vez. Porque tudo que você faz agora é pensando em alguma coisa de amanhã. Ou de depois de amanhã. Ou do Natal. Mas nunca é do hoje.
E a única certeza que a gente tem na vida é que amanhã o Sol vai nascer. Mesmo que você não veja, mesmo que você nem esteja mais nesse mundo. O Sol vai continuar nascendo dia após dia – pelo menos até 2012, segundo o calendário Maia.
Porque o Sol existe! O resto é você que inventa! As necessidades, os problemas, os palavrões, tudo invenção da sua cabeça (?).
O Sol existe. O que você faz no espaço de tempo que ele leva para morrer e nascer de novo, é uma escolha sua.
Porque o Sol pode fazer merda. Pode acordar puto e resolver se esconder entre as nuvens. Pode ceder o lugar pra chuva, quando não está a fim de trabalhar. Ou pode até queimar a gente com tanta felicidade. Ele pode tudo. No dia seguinte é um novo dia e ele pode começar tudo de novo, ou tentar mudar. Há sempre uma segunda chance. Todo dia é uma segunda chance.
Já você...
Quantas chances a gente tem? Por que a gente age como se sempre fosse dar tempo de fazer tudo? E se não der? Por que planejar em longo prazo? Por que não agora, enquanto dá pra ver o Sol nascer?
Você trabalha hoje pra receber no fim do mês. Você estuda hoje par se formar daqui a quatro anos. Você não come uma pizza hoje para estar magra no verão. E pra hoje? O que tem pra hoje?
O que tem pra agora?
Ou você jura que vai comer menos, correr mais, trabalhar menos, viajar mais, brigar menos, beijar mais em 2012?
Eu juro que no final de 2012 – se os Maias estiverem enganados e o mundo não acabar – estaremos todos fazendo as mesmas promessas para 2013.
Até chegar 2077 e você escrever no epitáfio – “Não tem amanhã pra mim hoje”. Isso sendo bem otimista. Porque a expectativa de vida de quem nasceu no ano passado é de 73 anos. Chegar aos 90 é muito lucro pra quem estreou em 1987.
Sem falar que há intempéries da vida que podem te levar antes. Vai que você decide dar a volta ao mundo amarrado a balões de gás hélio e eles estouram? Vai que você se engasga com uma espinha de peixe? (eu tenho pavor de morrer engasgada!) Vai que um bêbado com a entidade desbocada te atropela na faixa de pedestre? Tudo pode acontecer.
Ou não.
Porque, o que existe é o Sol. O resto é invenção.
E Morpheus, hoje eu quero a pílula vermelha!

2 comentários:

  1. Perfeito!

    Amei esta parte:

    "Quantas chances a gente tem? Por que a gente age como se sempre fosse dar tempo de fazer tudo? E se não der? Por que planejar em longo prazo? Por que não agora, enquanto dá pra ver o Sol nascer?"

    Precisamos parar de pensar só no futuro e viver o hoje!

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  2. Irmã... arrasou!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! arrasou!!!!!!!! só isso que tenho pra dizer...

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