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quarta-feira, 14 de abril de 2021

"Dois estranhos"

 Sabe metáfora bem elaborada que te faz ficar pensando no filme por dias?

Adoro metáforas.

“Dois estranhos” é dolorido. Especialmente para a população preta – que saca na hora, se revolta na hora, se desespera junto e fica atônita quando o filme acaba.

Meia hora de soco no estômago.

E não é filme.
Não é ficção.
É o que rola mesmo. Todos os dias. Dia após dia.

Banalizaram a vida preta a tal ponto que, aqui no Brasil, as pessoas nem se chocam mais. Lamentam e seguem.

Estou falando do genocídio contra a população negra.
E o filme é sobre isso também.

A grande sacada do curta é mostrar como estamos presos num beco sem saída. O que fazer?

É essa a pergunta.

E não há resposta.

Aliás, tem sim: o rac1sm0 precisa ser encarado como um problema real a ser solucionado pela branquitude – as pessoas que o criaram.

Para nós, população negra, a meta é sobreviver. E afrontar enquanto estivermos vivos.

Porque, não interessa o que a gente faça, o fim da história já está escrito.

Mas, somos muitos! E cada dia mais conscientes da nossa realeza! Sempre haverá quem enfie o dedo na ferida.

“Dois estranhos” foi indicado ao Oscar 2021 na categoria de melhor curta-metragem. O melhor filme, dessa leva, que eu vi até agora.

Está na Netflix.
Não assista antes de dormir. Talvez você não durma. 

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