Páginas

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

doce de leite

 Um paradigma africano sobre o pragmatismo está ecoando há alguns dias por aqui.


Aceitar a realidade posta e buscar soluções práticas. Resumidamente, é sobre isso.

Li uma publicação de @abiolayayi no fim de semana e achei uma reflexão extremamente pertinente. Uma coisa tipo “não adianta chorar pelo leite derramado”.

Derramou. E agora?

Tudo bem aquela lamentação, uma choradinha e tal. Mas, o leite não vai se limpar sozinho.
E aí, vai fazer o quê?

Chora enquanto limpa e sai pra comprar outro.
E bora que vamo!

A vida adulta é meio assim, né?! Estou falando de nós, pessoas normais, sem herança nem título de nobreza. Nós, classe média brasileira que vê o salário derreter com a inflação.
Nós, mães que temos que dar conta de tudo e de mais um pouco ao mesmo tempo e agora.
...

A reflexão sobre o paradigma africano voltou justamente enquanto estou aqui editando textos de mulheres que toparam o desafio de escrever sobre maternidade sem o filtro do instagram. Sem aquela romantização de 'pare cinco minutos e espere a raiva passar' - porque, na prática, em cinco minutos o trem da vida te atropela duas vezes.

Histórias reais, de pessoas reais, sem herança nem título de nobreza – admitindo esses sentimentos plebeus da maternidade.

E nesse malabarismo da vida de mãe, o leite derrama VÁRIA VEZES.
Acaba. Perde na geladeira. Azeda. E aí, a gente lamenta – ô, se lamenta!

“Como teria sido se eu tivesse feito um doce com esse litro de leite perdido?” A gente sempre flerta com a realidade ideal, que nasce num lugar irreal.

Não rolou o doce de leite.

O casamento acabou.
O parto foi prematuro.
A depressão apareceu.
O teste de covid deu positivo no meio da gestação.
O diagnóstico é de microcefalia no bebê.

Não rolou o doce de leite.

E aí? A gente faz o que com a realidade que se impôs?

Eu não tenho resposta não. Mas, estou aprendendo um monte com esse projeto que eu e @dagabik estamos gestando.

Nasce ano que vem!

Aos poucos a gente vai contando mais sobre essas histórias, essas vivências plurais, esses leites derramados que viraram "Potência Materna" 💛

Nenhum comentário:

Postar um comentário