Sabe aquele momento em que você olha para o cara, seu
coração dispara e você tem certeza que ele será o amor da sua vida naquela
noite?
Em cinco minutos você imagina como seriam felizes, como
vocês têm química, como vocês combinam e como tudo faz sentido, agora que encontrou
sua alma gêmea.
Falta só descobrir o nome dele.
Aí ele olha pra você, tem a mesma sensação, se aproxima e
pronto: vocês são um casal apaixonado.
Só que não.
Sim, você encontrou o amor da sua vida de uma noite, mas ele
não sabe disso e nunca saberá. A menos que você esteja em um filme de comédia
romântica ou em algum conto do Walt Disney – esse ilusionista de criancinhas.
No mundo real, o amor da sua vida até olha pra você. E para
as outras 20 mulheres que estão em volta, com um decote dez vezes maior que o
seu, um short estilo “Lurdinha no baile funk do Alemão” e um salto daqueles que
você jamais arriscaria nem experimentar.
No mundo real, a noite acaba e o amor da sua vida tem o amor
da vida dele.
E não é você.
Nem nenhuma daquelas 20 mulheres de decote, short e salto
agulha, que você queria que fosse para ter um argumento de “auto-absolvição”. É
uma mulher normal. De sapatilha e com um decote menor que o seu.
Enquanto você reflete sobre sua existência, depois de perder o amor da sua vida daquela noite, encostada no
balcão do bar, um capacete surge do nada e cai na sua cabeça em uma velocidade
luz, fazendo você voltar pra realidade.
Um capacete mesmo. De motociclista. No meio da sua testa.
Sabe aqueles cinco minutos que você levou pra se apaixonar? Você
precisa desse mesmo tempo pra discernir se tem alguém brigando na balada ou se,
de repente, começou a chover capacete.
Até descobrir que foi apenas um garçom burro e baixinho,
numa tentativa desastrada de pegar o capacete que estava em cima do freezer de
cerveja.
Enquanto sua cabeça estava no meio da trajetória do
capacete, o amor da sua vida se divertia com o amor da vida dele. Aquele, que
não é você.
É isso que eu chamo de mundo Tarantino.
No mundo Tarantino, você volta pra casa com um galo na
testa, se perguntando quantos pregos pregou na cruz de Cristo e pensando no
prato de macarronada que vai bater quando chegar em casa, pra curar a ressaca e
a frustração.
Ok. No mundo Tarantino “mesmo” você veria alguma cabeça
explodir depois de ser atingida por um tiro de pistola e voltaria pra casa com
sangue na roupa.
Ainda bem que vivemos apenas no mundo real.
Um galo na testa já é suficiente.
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