É bom
A gente volta se sentir agente, volta a fazer algo pra si própria. Vestir uma roupa que não seja moletom e camiseta. Sair sem carrinho. Sem uma sacola gigante. Ligar o rádio e ouvir música alta dentro do carro. Falar com adultos sobre assuntos triviais - sobre política, sobre o clima.
É estranho
Sempre parece que "tá faltando alguma coisa". Primeiro porque a última lembrança da rotina de trabalho contém uma barriga gigante de 37 semanas. ((agora temos uma barriguinha proeminente e alguns centímetros a mais no quadril, mas sobre isso eu falo outra hora)). Depois, sete meses com um pacotinho pendurado - ou no colo, ou no peito.
Andar por aí só com uma bolsa dá a sensação de que alguma coisa ficou pra trás.
É ruim
Será que dormiu? Será que comeu? Será que trocaram a fralda? E a musiquinha que acalma, quem vai cantar? Não quero saber de política, quero aquele cheirinho bom de pescocinho suado!
Voltar ao trabalho é tudo isso.
É bom. É estranho. É ruim.
Dá saudade dele. Daquela mesma que a gente sente de si mesma quando está mergulhada no puerpério e pensa: "não vejo a hora de voltar pro trabalho".
Dá culpa. O neném está dormindo lindinho e você tem que ir porque o relógio não pára e você não pode ser atrasar (mais). Aí você lembra que não vai estar lá quando ele acordar. Quem estará vai dar colinho? Ele vai ser bem tratado?
É muita coisa, muito sentimento, tudo ao mesmo tempo.
E foi só o terceiro dia.
Já teve sensação de liberdade. Já teve choro desconsolado no trânsito depois de se despedir. Já teve alívio por saber que ele sobrevive. E bem.
Tem pressão de todos os lados. E todos têm uma solução.
"Fica em casa"
"Põe na creche"
"Vai atrás de outra babá"
Todas as soluções são boas. Depende do que você sente. Não existe fórmula mágica e não existe maneira errada. Separações doem mesmo. Leva um tempo até se adaptar.
Mas, tudo entra nos eixos. Dizem.
Eu acredito.
Se tem uma coisa que eu já aprendi nessa história de ser mãe é que o tempo é implacável. O enjoo matinal do início da gravidez - passa. A dor nas costas do sétimo mês também passa. E lá no fundinho fica a saudade do neném fazendo festa dentro de você.
As contrações. Passam.
O sangramento "eterno" de 20 dias no pós-parto - passa.
As hemorroidas ((sim, você leu bem: HEMORROIDAS. elas surgem com a prisão de ventre da gravidez. e sabe o empuxo no parto natural? aham! hemorroidas!)), elas também passam. Assim como o medo que dá de fazer cocô logo depois de parir.
Tudo isso passa. E lá no fundinho (sem trocadilhos com as hemorroidas, por favor!) fica a lembrança boa de ver os olhinhos do seu filho pela primeira vez.
As cólicas "intermináveis" do neném com intestino imaturo. Passam.
A dor da amamentação que te faz chorar sangue e pensar que vai perder o mamilo. Passa também.
E lá no fundinho fica a saudadezinha daquele bebê de dedinhos enrugadinhos que cabia inteirinho no seu colo.
A privação de sono. Passa - leeeentamente, mas passa.
Bom. Disso eu não tenho saudade não. Até porque ainda acordamos de madrugada por aqui.
São fases. Com início, meio e fim.
Essa primeira separação é mais uma delas. Primeira porque devem vir outras.
O que significa que: sobreviveremos!
Melhor aproveitar enquanto ele ainda me quer por perto. :)
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