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sábado, 16 de julho de 2011

Assim nasceu o rock 'n roll

Numa época em que o mundo era feito de Backstreet Boys e Spice Girls fui, de repentemente, apresentada à Legião Urbana.
"Eduardo e Mônica" chegou a mim como se fosse a história invertida de uma prima que, apaixonada, se via como o jovem e inocente Eduardo nas mãos de seu já universitário primeiro namorado, o Mônica. No auge dos meus 12 anos, achei toda aquela história um máximo – não a música, mas a primeira paixão da minha prima.
Da música eu gostei também. Parecia uma historinha vespertina daquelas que eu via em Malhação todos os dias antes de encarar a apostila de matemática – minha única inimiga naquele tempo pueril.
Foi o meu primeiro contato com aquele barbudo de Brasília. Foi só então que eu descobri que ele tinha outros versos além de “é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã” – que passava todo ano no jornal local para homenagear o moço no aniversário de morte dele.
Mas o melhor ainda estava por vir. Enquanto minha prima me contava as aventuras amorosas, o “Mais do Mesmo” ia rolando. Até que ouvi os primeiros acordes de “Faroeste Caboclo”.
- Essa música tem quase nove minutos! – informou minha prima.
Oi? Uma música como nove minutos? Quantas vezes ele repete o refrão?
E aí eu não ouvia mais nada do lado de fora. Totalmente concentrada naquela letra e visualizando perfeitamente cada cena daquela história. Quase nove minutos de uma viagem ao faroeste de Santo Cristo.
“... e nem protejo general de 10 estrelas que fica atrás da mesa com o cu na mão...”
Ele falou cu? Pode gravar música com palavrão?
“... olha pra cá filho da puta sem vergonha, dá uma olhada no meu sangue e vem sentir o teu perdão...”
É... pode gravar música com palavrão.
A música acabou e eu só pensava que tinha que ouvir aquilo de novo. Tinha que aprender a cantar aqueles quase nove minutos com tantos palavrões.
Há 12 anos o Google ainda não bombava. Na verdade, eu nem sabia que internet existia. E sem o vagalume.com, a única forma que eu encontrei de decorar a saga de João foi transcrevendo toda a letra. Ouvia, dava pause, escrevia o verso, e play de novo. Foi assim até o “para ajudar toda essa gente que só faz sofrer”.
Não lembro quanto tempo levei pra terminar, mas sei que minha diversão durante o resto do dia foi ouvir a música um milhão de vezes, acompanhando a letra que eu escrevi no papel que meu avô usava para embrulhar os remédios que ele vendia na farmácia.
O rock nasceu em mim há 12 anos, numa cidade do interior de Goiás, durante a temporada das férias de julho na casa da vovó.
As aulas recomeçaram e eu voltei pra Brasília imaginando como teria sido bom ver uma apresentação da Legião Urbana. E a essa altura o “Mais do Mesmo” não saia mais do disck man.
O show das Chiquititas deu lugar ao show do Capital Inicial “acústico MTV”,  o meu primeiro show de rock – sim, Capital Inicial era rock. Agora é que eles estão nessa pegada meio emo. Mas o “acústico MTV” continua no meu carro.
O rock internacional ficou por conta do meu primo roqueiro. Ele se encarregou de me apresentar Link Park, Pearl Jam, Aerosmith, Radiohad, Jimmy Hendrix... eram tardes e tardes ouvindo rock, pegando CDs emprestados e sendo a platéia do primo roqueiro tocando guitarra. Tardes de julho na casa da vovó.
Nesse ritmo, em três anos eu já era grunge, amava Nirvana e odiava Courtney Love. Os Backstreet Boys derma lugar ao Red Hot Chili Peppers, eu só andava de all star e queria aprender a tocar bateria... mas, essa já é outra história,

* 13 de julho - Dia Mundial do Rock *

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Adooooooooooooooooooro!!!!!!!!!!!! Me identifiquei com os pauses na música "Faroeste Caboclo" para transcrevê-la e decorar. rsrsrsrsr

    Bjim.

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  3. Eu fiz uma participação em uma dessas férias na casa da vovó e foi lá que me apaixonei...pelo Capital Inicial e etc...hauahauahaua

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