Eu sempre fui encantada com a relatividade do tempo - essa unidade de medida inventada para forjar o controle da vida.
Dias, meses, anos... horas, minutos, segundos... o confinamento escancarou os papéis: dominador e submisso. Quem é quem?
Em março tudo entrou em suspenso. Nem os mais pessimistas imaginariam passar quase metade de um ano com restrições até pra respirar. Passou rápido? Ou está passando devagar?
Em março meu filho completou um ano. Parece um borrão, mas eu nunca vivi tanto no espaço de um ano.
A sensação é de que foram 5 em 1. Acho que meus peitos e meus cabelos concordam comigo.
De março pra cá foram seis meses. E eu não sei dizer qual é a sensação.
Perdas. Muitas perdas.
Individuais. - De liberdade. De dinheiro. De parceiro. De avós. De sanidade.
E coletivas. - De vidas. Centenas de milhares.
A única certeza é de que não somos os mesmos.
Não significa que melhoramos. Mudamos.
Seis meses. Quanto tempo?
Meu filho aprendeu a andar na pandemia. Confinado.
Organizando minhas coisas para mudança, me dei conta de que há seis meses eu não pegava no carrinho dele. Achei um confete do baile de Carnaval - a última vez que saímos de carrinho, antes do coronavírus.
Um confete de fevereiro. Pareceu do século passado.
Ele não usa mais carrinho. Ele não usa mais banheira. Ele não usa mais bebê conforto.
Faz 18 meses. E parece que foi ontem que eu estava organizando todas essas coisas esperando ele nascer.
Quanto tempo?
Eu não tenho respostas para nada, apesar de suspeitar de muita coisa. Mas, a conclusão do momento é: não gaste rios de dinheiro com carrinho, banheira, bebê conforto. Nem andador, cadeiras mágicas, slings, etc, etc, etc. Você pisca o olho e tudo isso perde a utilidade. Além de ocupar um espaço danado.
Todas as mães aprendem isso na prática. Mas, uma grande amiga, que foi mãe antes de mim, me salvou. Quase tudo que MM usou foi empréstimo dela. Olívia, 4, e MM, 1, compartilharam carrinho, suporte de banheira, bebê conforto. E tudo está novinho. Pronto pro próximo que chegar.
Consumo consciente. Poupa dinheiro, reduz lixo, libera espaço pro que realmente importa: o tempo.
Sabe aquele clichê, "aproveita! passa muito rápido"?!
Passa muito rápido.
Depois que passa.
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