No one is coming.
Esse é o título de um dos episódios da minha série do momento, Workin' Moms. E foi justamente nesse instante sublime de entretenimento, sem nenhuma pretensão de sinapses velozes, que uma grande reflexão surgiu.
Ninguém está vindo.
Ninguém mesmo.
É você por você.
Uma fatalidade que assusta.
Mas, que também liberta.
Assusta porque a gente cresceu, especialmente as mulheres, esperando "alguém" chegar. O patriarcado faz a mulher acreditar que o destino dela está condicionado a ser encontrada e assumida por alguém - se der sorte, amada também.
Um belo dia, você se dá conta que esse "alguém" pode até chegar, mas isso não faz a menor diferença.
Ninguém te salva de si mesmo.
Assusta porque é solitário. Para mães então... Ninguém nunca está vindo. Só o entregador do delivery, porque no nosso eterno "girar de pratos", o do almoço foi o que escolhi deixar cair e quebrar dessa vez. E a entrega normalmente chega e toca o interfone na hora em que a criança dorme.
Essa solidão te acompanha também na madrugada incômoda de dentes nascendo. No estresse do home office mixado com home creche. Na negociação para deixar de ver o bendito vídeo do Homem Aranha - que foi você mesma que apresentou.
Percebe? Ninguém está vindo.
Você deu o celular na mão da criança pra ela deixar você trabalhar. Ninguém viu. Agora, você também que lute pra ensiná-la que tudo tem limite ((menos a quarentena)).
Tem solidão e tem solitude - palavra da moda que eu entendo como "deleite da solidão". E depois que a gente vira mãe, qualquer cinco minutos sozinha é plena solitude. É hora de comer chocolate sem se esconder. Ninguém está vindo!
Uma taça de vinho na sexta-feira à noite vendo a live do Caetano. Ninguém está vindo!
É libertador!
Você pode ter companhia. Você tem amigos, família, amores. Mãos estendidas que aparecem para ajudar nessa trilha da vida. Mas, nenhum deles pode fazer o que você pode.
E se ninguém pergunta onde dói o calo, pra que se preocupar em explicar porque o sapato está sujo?
É você por você.
Pra juntar os cacos, quando o prato quebra.
Ou pra celebrar, aquela vitória que só você entende. Pode ser um batom novo, uma noite ininterrupta de sono, um brócolis que passou batido no meio do arroz sem ser rejeitado pela criança, a vacina do corona...
Ninguém está vindo. Salve-se!
E passa um café forte. Sempre ajuda.
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