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terça-feira, 17 de novembro de 2020

Mãe solo

 Tenho ficado muito incomodada com esses textos sobre parentalidade e maternidade e psicologia positiva e etc, etc, etc...  

 “Como criar seu filho de maneira bela e respeitar sua individualidade como mulher no maternar”. 

Lindo nome para um curso, né?! 

Desde que venha com o seguinte subtítulo: partindo do princípio de uma família branca, estruturada no padrão cristão e heteronormativo. 

A maioria esmagadora do material que eu encontro sobre maternidade parte do princípio de que a mãe tem com que partilhar a reponsabilidade de educar a cria. 

“Se afaste e respire”

“Peça ajuda e vá fazer algo por você”

E assim segue.


Mas, olha que louco: 11,5 milhões de mulheres criam os filhos SOZINHAS no Brasil. (IBGE/2018).

Se afasta e deixa a criança com quem?

Em que momento da jornada tripla dá pra encaixar o “fazer algo por você”?

Sobre isso, falei hoje com a @reflexões_de_uma_mae solo no meu quadro de maternidade do CBN Brasília. A Thais é, sozinha, responsável pelas duas filhas de 11 e 2 anos.

A advogada Liliana Marquez, presidente da Comissão de Família da OAB-DF, também participou da conversa para deixar bem explicadinho tudo que a lei garante a essas mães e a essas crianças. Vou deixar o link do papo na bio.

Mas, tem outra coisa que me incomoda nesses textos, vídeos, cursos e perfis de maternidade: todos partem de incômodos de pessoas brancas.

Em tempo: criar crianças brancas é BEM diferente de criar crianças pretas numa sociedade estruturalmente racista.

Ser uma mulher branca é MUITO diferente de ser uma mulher preta numa sociedade estruturalmente racista.

Quer mais dado? 61% das mães solo brasileiras são negras. (IBGE/2018).

Não dá pra ignorar essa enorme particularidade. Nem para acreditar em coincidência.

Sendo assim, vamos falar muito mais sobre isso por aqui a partir de agora.

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