É complicado ser “o mundo” de alguém.
MM já tem quase dois anos, nossa relação simbiótica aos poucos vai se “desafazendo”.
Ele já sabe que existe muita vida além da mamãe. Mas, como somos eu e ele na
maior parte do tempo, quando o bicho pega, não tem pra onde correr: é a mamãe
mesmo.
Uma das
coisas que mais me assustava antes de ser mãe era isso. Como eu, com a cabeça
cheia de problemas, poderia ser margem para alguém? Eu, lidando com questões
internas profundas e doloridas, um dia estaria pronta para ser amparo de um
filho?
Fiz essa
reflexão algumas vezes quando pensava em maternidade – muito antes da chegada
de MM.
Não me
tornei uma pessoa “sem problemas” porque virei mãe. E era assim que via a minha
mãe quando era criança – uma pessoa super bem resolvida. Sinal de que ela
disfarçava bem.
Eu não
consigo disfarçar. Tem dias que não dá. Hoje é um dia desses. A carga pesa, o
corpo doí, a cabeça dói, você só queria um tempinho para se refazer.
Não dá.
A cria te
necessita. Te chama a todo momento. Tanto e tão repetidamente que a dor de
cabeça começa a latejar.
E aí? Faz como?
Eu choro.
Mais que MM.
Aliás,
acredito que ele vai crescer sabendo que a mãe chora pra caramba.
Somos eu e
ele. Não dá pra me esconder pra chorar. Nem pra esperar ele dormir, ou sei lá. É
desague. É isso ou enfartar – pelo menos o aperto no peito traz essa sensação.
Tem momentos
que choramos os dois juntos. Ele de sono, cansaço, gengiva coçando, necessidade
de colo... Eu, de sono, cansaço, necessidade de colo (dependendo do dia, a
gengiva também incomoda pois que ainda estou em batalha com os sisos).
A conclusão
é que a gente cresce, mas, emocionalmente, amadurece muito pouco. Eu mesma, até
hoje não sei lidar com essas mesmas sensações que provocam choro em MM. É por
isso que eu deixo ele chorar. Porque eu também não sei lidar de outra forma.
Até sei.
Mas, cansei de fingir ser forte.
Diziam que a gente tinha que engolir o choro. Que “aquilo” “não era motivo pra
choro”.
A gente
cresce engolindo dores. Mas, elas vão pra algum lugar. Refletem na nossa forma
de se relacionar, de amar, de se permitir ser amada. Uma hora, a comporta
estoura.
Deixem o
choro ser livre.
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