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terça-feira, 4 de outubro de 2011

Ode ao Dia das Crianças

Outubro.

Há 14 anos esse mês era sinônimo de Dia das Crianças para mim. O que, obviamente, remetia à ideia (que naquela época tinha acento) de presente! Era o momento de ficar atenta às propagandas da televisão para decidir que Barbie pedir - a ginasta? A bailarina? A empresária com carro e telefone celular?

Agora, outubro é apenas o sinônimo de fim das minhas férias!

Férias.

Desde que eu completei 12 anos essa é a única época da minha vida que eu passo as manhãs em casa.
No começo é bom. Na verdade, é ótimo. Você dorme até a hora que quiser e não fica com remorso de estar perdendo doze horas do dia na cama.

Aí, a gente começa a dar uma olhada no que tem pra ver na televisão: uma loira conversando com um papagaio e te ensinando a fazer quitutes; dois pirralhos girando roletas e gritando "PLEIesteiXOM, PLEIesteiXOM, PLEIesteiXOM"; dois jornalistas indignados com a violência de São Paulo ou com o fim do relacionamento de algum global, uma ex-modelo loira comentando as últimas da Fazenda e um mestre-cuca ensinando famosos a cozinhar.

E os desenhos animados?

Ah, sim! Os desenhos.
Tem “Avatar a lenda de Aang “, “Transformers“,  “Ben 10” e um monte de outras coisas que transformam gente em robô, têm superpoderes e lutam contra monstros metamórficos que ameaçam a continuidade da vida na Terra.

avatar_11
ben10


Hã?

O que aconteceu com a magia da infância?
Onde estão os desenhos lúdicos e fofinhos?
É tudo tão cibernético e hi-tech… cadê as relações humanas?
Onde está a simplicidade do relacionamento entre crianças?
Onde foi parar o encanto do mundo infantil?
Enfim… 

O que aconteceu com o Fantástico Mundo de Bobby?



Porque o Bobby é o melhor! Eu me indetificava com ele de uma forma muito profunda. Aquelas viagens, aquelas histórias criadas pela imaginação… Era tudo tããããõ legal. Era tudo tão infantil!
E o Doug? Onde foi parar Doug Funny?
 


O menino certinho que vive uma paixão platônica por Patty Maionese, desabafa com seu cachorro Costelinha e  escreve, secretamente, um diário e as aventuras em quadrinhos do Homem-Codorna.  Tããããão legal!

Dramas reais! O relacionamento com o melhor amigo, Skitter (apesar de ser verde, ele era de verdade), o conflito com a irmã mais velha Judy, o constragimento de ser humilhado pelo bad boy da escola, Roger. Todo mundo se identificava. E ninguém era mutante!

E o mais fofo de todos…



Os Ursinhos Carinhosos

Okay. Eram ursos falantes. Mas eram lúdicos e ensinavam boas maneiras!
Aiai… como eram boas aquelas manhãs comendo pão com manteiga, molhado no leite com toddy e assistindo Ursinhos Carinhosos…

Outros bichinhos falantes adorados pela geração de crianças dos anos 90 eram os Muppet Babies.


A angústia de nunca poder ver a cabeça da babá e ficar só imaginando como era o rosto daquele ser de meias listradas, o amor da Pig pelo Caco, o constrangimento do Caco com amor da Pig, a falta de noção do Gonzo… tinha também  o cachorro tocador de piano, o Rowlf (meu preferido) e o Animal, um bebê judiado, coitado. Como era feio! Mas divertia a manhã de crianças felizes e inocentes.

Até a produção dos desenhos era mais legal. Cada um tinha uma abertura, era como são as novelas hoje em dia: era só começar a musiquinha que você logo sabia qual desenho ia começar.

Era assim com Cavalo de Fogo, Caverna do DragãoOs Smurfs


Isso sem falar dos programas infantis, como Glub GlubAgente G e Rá-Tim-Bum. Ou os seriados infanto-juvenis tipo Blossom.  Mas isso é assunto para um outro pitaco.
O pleonasmo que me desculpe, mas a infância dos anos 90 foi muito mais infantil  do que a da geração 2000 (o nosso forte é a rima!). A gente gostava de superpoderes também - é só lembrar de He-Man, She-Ra, PowerRangersCapitão Planeta – mas ainda conseguíamos nos encantar com as histórias bobas de  Punky – a levada da breca.

As manhãs eram muito mais divertidas! E ninguém precisava de TV por assinatura.
Por isso, preocupada com o futuro das nossas crianças, deixo aqui um apelo:

Vocês, que eram molecotes nessa época boa e que agoram estão grandinhos, se formando, virando  produtores, desenhistas, criadores ou diretores de empresas de comunicação, por favor, desenvolvam desenhos legais para os nossos filhos poderem assistir (e, se possível, reprisem o Bobby e o Doug, pelo menos)!


Esse post foi escrito e publicado em março de 2009 no Pitacos e Petiscos. Com a proximidade do Dia das Crianças decidi ressucitar o texto com algumas adaptações temporais.