Páginas

domingo, 18 de outubro de 2015

Te amo no Whats

O Whatsapp é um mundo paralelo

Você ama. Manda beijos e corações, nudes e declarações

Tem grupos de trabalho, grupos de amigos, grupos de família

Bom dia! Boa tarde! Boa noite!

Pura simpatia

Saudades!

Quando a gente vai se ver?

Uai, precisa mesmo?

A gente se fala aqui todo dia, troca áudios, troca selfies e fotos de paisagem... somos tão próximos! Precisa desse encontro tão... próximo?

Para que esse olho no olho se eu posso visualizar e fingir que não vi?





É tão mais fácil! 

Numa conversa real a gente tem que interagir, né?

Pessoalmente, a gente tem que compartilhar emoções e sentimentos, né?

Não é mais fácil mandar um link? Compartilhar aquele meme? Mandar um emoji?


Vamos manter essa proximidade distante? Essa intimidade fria?

É mais fácil administrar

Posso rir do que não tem graça. Ou fingir me emocionar

rs


Posso falar com você e ignorar quem está aqui do meu lado

Posso ignorar você mentindo que tem alguém aqui do meu lado

Posso reler todo histórico para entender quem ignorou quem primeiro

Posso até ignorar tudo e fingir que acabou a bateria


Geniais essas inovações tecnológicas criadas para aproximar as pessoas

Ao contrário










sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A Física explica (?)

A balança insiste em apontar cinco quilos a mais no marcador.

Cinco quilos? Mas, eu me sinto tão leve!

De repente é o cabelo. Meu cabelo cresceu pra caramba!

Cinco quilos de cabelo?

Ok! Cinco quilos de TimTam! E de vinho! E de queijos! E de liberdade!

Corpo (mais) pesado, espírito leve. Acho que estou no lucro.

Cinco meses. Cinco quilos.

Acho coerente. Acho justo. Um quilo para cada mês, porque eu gosto de divisões exatas - detesto quando tem resto, aí você tem que por uma vírgula e um zero...

É isso, né? Foi muito difícil pra mim aprender divisão na segunda série. Até hoje eu não sei muito bem. Por isso sou de humanas

Enfim, é uma conta simples, que dá pra fazer de cabeça. E eu gosto assim, simples.

Cinco meses - e cinco quilos - depois, eu finalmente entendi que, na essência, tudo é simples. A gente é que complica. 

E que, por mais que eu deteste admitir, uma vez que nunca aprendi, tudo é Física. Ação e reação. Causa e efeito. 

Eu poderia evitar o chocolate, o vinho e os queijos. Mas, não quis. Optei pela entrega ao prazer!

Lógico que eles iriam para algum lugar. No meu corpo, o lugar preferido deles é o quadril. 

Por que num corpo com cerca de 600 músculos o chocolate escolheu este que envolve meu quadril, e que nem macumba reduz, a Física não explica!

Se explica, não me convence!

De novo, a conta é simples:

Causa: liberdade gastronômica exagerada
Efeito: cinco quilos

Eu poderia agora estar sofrendo de culpa, tomando suco detox, dançando zumba sozinha no meio da sala com aquelas aulas grátis disponíveis na internet para queimar todas as calorias.

Mas, são 3:30 da manhã, meu corpo acha que são 4:30 da tarde e estou chupando drops de caramelo, ouvindo música ruim, mas que eu gosto, e escrevendo tolices.

Pela lei da Física:

Causa: preguiça jet lag
Efeito: manutenção dos cinco quilos + 1kg

Então, não dá para esperar "efeitos" diferentes, quando a nossa reação frente às causas permanecem as mesmas. Por exemplo, o presidente da Câmara não vai cair só porque você tá xingando muito no Twitter.

Temos que ir além e entender a "causa" que levou o presidente da Câmara a SUPOSTAMENTE ter milhões escondidos na Suíça.

Olha que merda! Tem 24 horas que eu voltei e já estou me contaminando... Eu escrevi sobre o Cunha!

A questão é que tá rolando uma onda de "que horror essa política, o que será do Brasil?" como se estivéssemos isentos da responsabilidade. 

Um ser intergalático compôs o Congresso, criou os partidos, organizou as alianças e antes de voltar para sua nave espacial, com um sorrisinho maléfico, disse: Se virem, terráqueos!

Foi isso! Ninguém viu como aconteceu! 

De repente, estamos às voltas com denúncias, inquéritos, operações eternas da PF, milhões e milhões e milhões em contas secretas na Europa.

E agora, quem poderá nos defender?

Causa. Efeito.

Somos todos responsáveis. Subir no pedestal do seu Facebook e bradar que você não é porque não votou em X nem em Y é falácia.

Política não é apenas voto. O problema é achar que é.

Somos todos responsáveis.

E se é para mudar, vamos assumir uma atitude diferente! 

Eu pretendo perder cinco quilos, assim que matar a saudade de todas as comidinhas que me fizeram tanta falta - oi, vó! quero pão de queijo e pudim! - e depois de celebrar, como Baco, as amizades que me fizeram tanta falta!

Mas, certamente não será sentada no sofá, postando hashtags indignadas sobre o meu peso.

Seria lindo se isso funcionasse! Eu nem iria mais me preocupar com política

Rá!

Reclamar faz parte do processo. Acho lindo! Demonstra, pelo menos, um despertar. O próximo estágio é, quem sabe, fazer alguma coisa para mudar o que está incomodando.

E, atenção: as vezes quem está incomodando é você. As vezes é você quem precisa mudar

Eu estou convencida de que nada muda - na política, no Congresso, na quantidade de massa adiposa do corpo, na vida amorosa - se a gente não mudar antes.

Causa. Efeito.

É muito fácil colocar a culpa nas fatalidades. Porque é difícil mudar. E por isso a gente nutre esse complexo de Gabriela - nasci assim, cresci assim, vou ser sempre assim.

É uma opção.

Apenas não espere "efeitos" diferentes desses que você conhece e reclama.

Causa: descompensação horária
Efeito: achar que é de boa começar um texto falando sobre peso, passar pelo Cunha e concluir com frase de livro de auto-ajuda.





















quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Epifanias de uma mochila

Fechar a mochila tem sido a parte mais tensa dessa jornada.

Carregar os 15 quilos nas costas é uma alegria depois que você consegue fechar a bendita.

Falar em mímica com motorista do tuk tuk, pegar ônibus pirata no interior da Tailândia sem entender direito se vai te levar ao seu destino, dormir agarrada com a bolsa para não perder o passaporte e os poucos bahts de vista. Tudo isso é tranquilo.

O difícil é fechar a mochila!

Larguei uma muda de roupa em cada cidade.

Não cabe.

Não precisa.

Calcinha? Jogo tudo fora! 

Não cabe.

Não precisa.

Não preciso das usadas. As limpas têm certa utilidade

É muita coisa que a gente carrega sem precisar.

Tênis que não usa, calça que não serve mais, casaco sem necessidade.

Medo. Culpa. Arrependimento.

Não cabe.

Não precisa.

"Você tá parecendo uma hippie" - MÃE, Minha

Tudo culpa do "vai que".

"Vai que esfria"

"Vai que chove"

"Vai que lá não tem"

"Vai que eu quebro a cara"

"Vai que eu me ferro"

"Vai que eu sofro"

O precavido carrega quilos de coisas desnecessárias. E faz promessa pro santo protetor dos viajantes pra conseguir fechar a mochila.

Por isso eu resolvi deixar muita coisa pra trás. Livrar-me de tudo que não cabe e não precisa.

Desapego

Pra que tanta roupa se a gente usa sempre as mesmas?

Pra que esse blush se tem dias que não rola nem de escovar os dentes?

Desculpa, sociedade. Tem dias que não rola mesmo

Pra que essa culpa se ela não vai mudar nada do que já foi feito?

Tá feito!

Liberte-se!

E assim, a mochila tá ficando mais leve. 

11 dias, cinco cidades e 1420 km depois, eu aprendi que para fechar a mochila a gente tem que carregar apenas o necessário.

Tem que aprender a separar o essencial do "volume dispensável e incoveniente".

Isso vale para roupas, pensamentos e pessoas.

Quando a gente se livra do que não precisa, abre espaço para coisas novas!

Sai a calcinha suja, entram os presentinhos para os amigos, por exemplo.

De novo: A lógica é a mesma para roupas, pensamentos e pessoas.

Tem que abrir espaço para o novo chegar e parar de carregar peso à toa!

Não cabe.

Não precisa.