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domingo, 12 de janeiro de 2014

O amor a um clique (?)

Eu não entendo muito bem a diferença entre as gerações x, y e z. Nem sei a qual delas eu pertenço. Sei apenas que a minha geração, e as próximas, tem que ter muito foco para não sucumbir às delícias e armadilhas dessa tecnologia maravilhosa.

Está tudo a um clique: a receita do bolo integral de banana, o telefone da academia, o endereço da loja de produtos sem glúten, a sua série preferida, o tele-entrega da pizza para os dias de TPM, as fotos das férias da sua grande amiga que você não vê há anos, as fotos do namorado da sua rival da sétima série que você também não vê há anos...

Tudo na nossa frente. A gente não precisa nem sair da cadeira para saber tudo o que se passa no resto do mundo. E, se precisar levantar pra, sei lá, ir trabalhar, pode levar o mundo com você, na palma da sua mão (sim, às vezes os clichês são necessários).

Para qualquer dúvida, temos o google. Foi-se o tempo em que a gente parava no posto de gasolina pra pedir informação sobre como chegar à chácara do amigo que vai dar o churrasco de domingo. Temos o maps, temos o waze, temo o whatsapp. (Ainda assim, quero defender aqui as pessoas desorientadas que ainda precisam da ajuda do frentista, como eu).

Precisa de um táxi? A internet te dá (em Brasília nem sempre funciona, mas a capital é um caso à parte)! Precisa de um pet shop? Internet! Ouviu uma música na balada e PRECISA saber o nome da banda? Dois cliques resolvem seu problema. Com três, você aprende a letra e sabe até com quem os músicos estão casados.

Quer um abraço ou um beijo? A interne... ops! A internet resolve?

Até pouco tempo não. Mas aí criaram o tinder! Pronto! Até o amor está a um clique! Ou melhor, a um coraçãozinho verde!

Tudo bem... na maioria das vezes o amor dura uma semana no whatsapp e uma noite divertida. Ou não.

Ah! Mais a minha amiga encontrou o amor da vida no tinder”. 

Ótimo. As exceções estão aí para confirmar a regra. O tinder é uma válvula de escape para pessoas que não sabem mais onde procurar o que elas não acham na internet. Tipo o amor.

Remédio pra cólica, pra dor de cabeça, pra ressaca ou pra piriri a gente encontra na internet. Liga pra farmácia e rapidinho chega. Mas, e remédio pra carência? Onde encontra?

No tinder!

Dá uma olhada no cardápio, escolhe aquele que mais te agrada, por meio de uma analisada rápida nos interesses e amigos em comum, e escolhe. Escolhe um, dois, três, 15! Até que... match! Um dos 15 que você curtiu também curtiu você – e provavelmente outras 15.

Se o papo for bom, rapidamente o novo casal marca um encontro e é isso! A carência da semana está resolvida! Qualquer coisa, outros matches virão!

É tudo muito rápido! Curtiu, marcou, combinou, encontrou, beijo, tchau! Próximo!

A palavra dessas gerações – x, y ou z – é velocidade! Tudo agora! De imediato.

Porque se o computador trava, a gente pira! Aquela rodinha do Windows que roda, roda, e roda  enquanto atualiza a página, enlouquece! Se visualizou, mas não respondeu o whatsapp, não tá interessado! Próximo!

E assim caminha a humanidade: neurótica, acelerada, impaciente, ansiosa,  com vários encontros “românticos” porém, solitária.

Tudo se resolve em um clique. Você e a tela. A tela e você.

A consulta psiquiátrica a gente faz pelo skype. O tarja preta a gente pede pela internet. E é só postar uma foto das suas pernas estendidas na beira de uma piscina acompanhada de #verão, #sun, #vidaboa #instagood que seu amigos nem vão perceber que você surtou.

PS: caro leitor, se você não sabe o significado de metade das palavras usadas nesse texto, não se preocupe! Isso é apenas um sinal de que você não corre o risco de surtar, como essas últimas gerações alucinadas.