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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ah... Nem foi tão ruim assim!

Esses fenômenos de redes sociais sempre me fazem voltar à velha questão do ovo e da galinha.

A insatisfação generalizada com o ano de 2015, por exemplo.

Todo mundo chorando as pitangas. Ninguém vê a hora do ano acabar.

É mesmo?

O ano foi ruim para todo mundo? Ou a gente acaba manipulando o resultado pro negativo porque ri dos memes que atestam a zorra toda?

O ano não foi perfeito. Mas, nenhum é.

Né?

Muita coisa bizarra aconteceu.

Concordo.

Mas, a gente deu muitos passos pra frente também.

Olhaí a luta pelo empoderamento da mulher. Nunca se falou tanto sobre isso – não com tanta ênfase.

#primeiroassédio #meuamigosecreto #movimentovamosjuntas

Agora a gente já consegue se posicionar diante daquelas piadinhas machistas – ou pelo menos identificá-las, com a consciência de que não é normal nem engraçado.

Não mais.

A coragem de denunciar o racismo também aumentou. Não teve novidade nenhuma nas agressões virtuais que negras famosas sofreram. Mas, o debate apareceu.

É preciso primeiro aceitar que o racismo existe para depois lutar efetivamente contra ele.

  
Ponto para 2015.

Mensagem subliminar no meio do deserto australiano: interprete como quiser

Até essa depressão com a política e com políticos pode ser boa. É bom saber de que lado cada um samba. É ótimo entender as barganhas que são negociadas pelos nossos representantes.

É melhor ainda assumir a responsabilidade e refletir – me representa?

Não se queixe mais de que foi enganado. Agora já sabemos quem gosta de quê. Depois não adianta mandar cartinha mimimi

2015 tem seu valor!

Caiu a máscara do Marin e de um monte de cartola da FIFA. Afinal, não era apenas teoria da conspiração. E Romário não era tão xarope quanto se pensava.

Teve o lançamento de um monte de séries foda que consumiram algumas horas de nossas vidas. Mas, não sem ampliar nossas perspectivas e atormentar nossa mente.

Um salve para as minhas queridinhas do ano, Sense8 e Narcos!

Teve Bang! da Anitta!

Teve a explosão do Wesley Safadão para acabar com a sofrência!

Teve o encontro mítico de Caetano e Gil celebrando 50 anos de parceria!

Todos artistas. Todos brasileiros. Para de mimimi e curte aí o que você acha melhor

Teve muita coisa boa. A gente é que se apega nas pedras que aparecem no meio do caminho.

Chegou um monte de gente nova, fofinha e cheirosa para renovar esse mundo e nos trazer esperança!

Um viva pra Alice, pro Gael, pra Maria Luiza, pro Miguel Antônio e pra Olívia! E para todas as mães, e pais, que nasceram junto com eles!

Teve gafe histórica no Miss Universo que, oremos, vai enterrar esse concurso sem propósito, e até lua cheia no Natal!

Poderia ser melhor?

Sempre pode! Por isso continuamos nessa longa estrada da vida.

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Eu não curto retrospectivas. Acho melancólico demais. Mas, é saudável passar a limpo o que passou, agradecer e se preparar para o novo.

Novas lutas, novas séries, novas luas...

Novas pessoas, novos amores, novas verdades...

Novas decepções? Sim, sempre tem.

Novos erros? Também. Desde que sejam novos! Chega dos mesmos!

E, como sabiamente disse minha avozinha:

Cada um cuida do seu. Direitinho.

É tipo a fórmula de Bhaskara - segue que você encontra o "x". Pode dar trabalho, mas não tem como dar errado.

Cuida do seu. Ofereça seu melhor, sem esperar nada em troca, para de reclamar e vamos viver!

#vem2016

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ode ao desencalacramento

Encalacrar.

1. Atrapalhar; entalar
2Meter(-se) em contenda judicial 
3. Colocar(-se) em dificuldades

Eu (me) encalacro
Tu (me) encalacras
Ele (me) encalacra

E assim sucessivamente por toda a conjugação verbal, sempre precedido pelo pronome oblíquo átono na primeira pessoa do singular.

Alguns sujeitos encalacram-se com mais facilidade que outros. São sujeitos determinados – muito determinados – porém meio subjetivos. Aí, encasqueta com um predicado e faz todas as variáveis possíveis de orações.

No entanto, as conjunções concessivas e condicionantes são as preferidas desse tipo de sujeito.  As conclusivas, coitadas, são meio preteridas.

É que, por mais que esse sujeito encalacrado queira muito concluir, morre de medo de um “portanto”.

E um “portanto” é essencial para desencalacrar

Portanto, esqueça.

Portanto, emagreça.

Portanto, case.

Portanto, separe.

Portanto,  compre uma bicicleta.

Portanto, decida.

Portanto, mande ir à merda.

Portanto, diga que ama.

Portanto, chore.

Portanto, vá. Ou volte. Ou fique.

Mas, desencalacra! Faça uso desse “portanto”.

Ou das variáveis “por conseguinte”, “logo”, “assim”...

Conclua.

Encerre.

O ponto final existe pra isso.

Ponto final. Pula uma linha. Novo parágrafo. Letra maiúscula. E começa outra oração.

Tia Claúdia me ensinou isso há 20 anos – quando eu tinha medo de escrever poesia (uma vez que não sabia rimar) e fugia pro banheiro na hora da “produção de texto”.

Ainda não sei rimar.

E fugir virou uma especialidade.

Tô encalacrada aqui, tia Cláudia!

Sempre que eu acho que vou encerrar, surge uma interrogação. E nenhuma resposta.

Sem falar nas reticências...

Esse sinal gráfico que acha que temos todo o tempo do mundo. 

Pretendo viver muito mesmo, mas... né? Quem me garante? E, mesmo assim... Viver encalacrada? Sem definição?

Hein?

Olhaí, ninguém responde!

...

...

...

Então, nesse finalzinho de 2015, a minha campanha é pelo desencalacramento!

Em homenagem à tia Cláudia, desencalacrarei! 

Em homenagem a você, desencalacre-se!

Vamos trabalhar no concreto. No presente. Que é o que temos. 

O resto, te encalacra.

Limita a visão. 
Distorce a razão. 
Encobre a solução.

Entendeu por que eu fugia no dia de poesia?

E fique atento para não ser o encalacramento da vida de ninguém.

Se você é/está encalacrado, resolva seu problemas primeiro. Não saia por aí encalacrando as pessoas não.

Portanto (olha ele aí!), desencalacrai-vos!