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quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Ah... Nem foi tão ruim assim!

Esses fenômenos de redes sociais sempre me fazem voltar à velha questão do ovo e da galinha.

A insatisfação generalizada com o ano de 2015, por exemplo.

Todo mundo chorando as pitangas. Ninguém vê a hora do ano acabar.

É mesmo?

O ano foi ruim para todo mundo? Ou a gente acaba manipulando o resultado pro negativo porque ri dos memes que atestam a zorra toda?

O ano não foi perfeito. Mas, nenhum é.

Né?

Muita coisa bizarra aconteceu.

Concordo.

Mas, a gente deu muitos passos pra frente também.

Olhaí a luta pelo empoderamento da mulher. Nunca se falou tanto sobre isso – não com tanta ênfase.

#primeiroassédio #meuamigosecreto #movimentovamosjuntas

Agora a gente já consegue se posicionar diante daquelas piadinhas machistas – ou pelo menos identificá-las, com a consciência de que não é normal nem engraçado.

Não mais.

A coragem de denunciar o racismo também aumentou. Não teve novidade nenhuma nas agressões virtuais que negras famosas sofreram. Mas, o debate apareceu.

É preciso primeiro aceitar que o racismo existe para depois lutar efetivamente contra ele.

  
Ponto para 2015.

Mensagem subliminar no meio do deserto australiano: interprete como quiser

Até essa depressão com a política e com políticos pode ser boa. É bom saber de que lado cada um samba. É ótimo entender as barganhas que são negociadas pelos nossos representantes.

É melhor ainda assumir a responsabilidade e refletir – me representa?

Não se queixe mais de que foi enganado. Agora já sabemos quem gosta de quê. Depois não adianta mandar cartinha mimimi

2015 tem seu valor!

Caiu a máscara do Marin e de um monte de cartola da FIFA. Afinal, não era apenas teoria da conspiração. E Romário não era tão xarope quanto se pensava.

Teve o lançamento de um monte de séries foda que consumiram algumas horas de nossas vidas. Mas, não sem ampliar nossas perspectivas e atormentar nossa mente.

Um salve para as minhas queridinhas do ano, Sense8 e Narcos!

Teve Bang! da Anitta!

Teve a explosão do Wesley Safadão para acabar com a sofrência!

Teve o encontro mítico de Caetano e Gil celebrando 50 anos de parceria!

Todos artistas. Todos brasileiros. Para de mimimi e curte aí o que você acha melhor

Teve muita coisa boa. A gente é que se apega nas pedras que aparecem no meio do caminho.

Chegou um monte de gente nova, fofinha e cheirosa para renovar esse mundo e nos trazer esperança!

Um viva pra Alice, pro Gael, pra Maria Luiza, pro Miguel Antônio e pra Olívia! E para todas as mães, e pais, que nasceram junto com eles!

Teve gafe histórica no Miss Universo que, oremos, vai enterrar esse concurso sem propósito, e até lua cheia no Natal!

Poderia ser melhor?

Sempre pode! Por isso continuamos nessa longa estrada da vida.

>>>

Eu não curto retrospectivas. Acho melancólico demais. Mas, é saudável passar a limpo o que passou, agradecer e se preparar para o novo.

Novas lutas, novas séries, novas luas...

Novas pessoas, novos amores, novas verdades...

Novas decepções? Sim, sempre tem.

Novos erros? Também. Desde que sejam novos! Chega dos mesmos!

E, como sabiamente disse minha avozinha:

Cada um cuida do seu. Direitinho.

É tipo a fórmula de Bhaskara - segue que você encontra o "x". Pode dar trabalho, mas não tem como dar errado.

Cuida do seu. Ofereça seu melhor, sem esperar nada em troca, para de reclamar e vamos viver!

#vem2016

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Ode ao desencalacramento

Encalacrar.

1. Atrapalhar; entalar
2Meter(-se) em contenda judicial 
3. Colocar(-se) em dificuldades

Eu (me) encalacro
Tu (me) encalacras
Ele (me) encalacra

E assim sucessivamente por toda a conjugação verbal, sempre precedido pelo pronome oblíquo átono na primeira pessoa do singular.

Alguns sujeitos encalacram-se com mais facilidade que outros. São sujeitos determinados – muito determinados – porém meio subjetivos. Aí, encasqueta com um predicado e faz todas as variáveis possíveis de orações.

No entanto, as conjunções concessivas e condicionantes são as preferidas desse tipo de sujeito.  As conclusivas, coitadas, são meio preteridas.

É que, por mais que esse sujeito encalacrado queira muito concluir, morre de medo de um “portanto”.

E um “portanto” é essencial para desencalacrar

Portanto, esqueça.

Portanto, emagreça.

Portanto, case.

Portanto, separe.

Portanto,  compre uma bicicleta.

Portanto, decida.

Portanto, mande ir à merda.

Portanto, diga que ama.

Portanto, chore.

Portanto, vá. Ou volte. Ou fique.

Mas, desencalacra! Faça uso desse “portanto”.

Ou das variáveis “por conseguinte”, “logo”, “assim”...

Conclua.

Encerre.

O ponto final existe pra isso.

Ponto final. Pula uma linha. Novo parágrafo. Letra maiúscula. E começa outra oração.

Tia Claúdia me ensinou isso há 20 anos – quando eu tinha medo de escrever poesia (uma vez que não sabia rimar) e fugia pro banheiro na hora da “produção de texto”.

Ainda não sei rimar.

E fugir virou uma especialidade.

Tô encalacrada aqui, tia Cláudia!

Sempre que eu acho que vou encerrar, surge uma interrogação. E nenhuma resposta.

Sem falar nas reticências...

Esse sinal gráfico que acha que temos todo o tempo do mundo. 

Pretendo viver muito mesmo, mas... né? Quem me garante? E, mesmo assim... Viver encalacrada? Sem definição?

Hein?

Olhaí, ninguém responde!

...

...

...

Então, nesse finalzinho de 2015, a minha campanha é pelo desencalacramento!

Em homenagem à tia Cláudia, desencalacrarei! 

Em homenagem a você, desencalacre-se!

Vamos trabalhar no concreto. No presente. Que é o que temos. 

O resto, te encalacra.

Limita a visão. 
Distorce a razão. 
Encobre a solução.

Entendeu por que eu fugia no dia de poesia?

E fique atento para não ser o encalacramento da vida de ninguém.

Se você é/está encalacrado, resolva seu problemas primeiro. Não saia por aí encalacrando as pessoas não.

Portanto (olha ele aí!), desencalacrai-vos!









segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não sei dar nome

Se nos primeiros trinta dias lá o medo era não se acostumar
A tensão agora é acerca do tempo que leva para desacostumar
Já sabemos que são mais de 30 dias

Lá se foi o último pacote :(


A cabeça não funciona mais do mesmo jeito
Esquece os óculos, esquece o nome do filme
Esquece o que tinha que esquecer, esquece para que ela serve

E é só tentar desligar que ela decide passar tudo a limpo
O dia, a semana, a vida
Tudo ao mesmo tempo, durante as seis horas 
Que você achou que seria conveniente dormir

Não vamos dormir não 
Vamos pensar em tudo que precisa ser feito e você não sabe como

As pessoas não são mais as mesmas
Agora é fácil saber quem se importa e quem finge se importar
Quem gosta e quem é fachada
E não há mais paciência para fachada

Há coisas mais importantes para ajeitar do lado de dentro
Então, tudo que é superficial demais acaba morrendo na superfície
O oxigênio na profundidade é rarefeito
Melhor garantir o de quem realmente quer viver por lá

Sendo assim, barramos
Mas, é preciso ficar atento
E não deixar acumular muito dejeto
Recomenda-se, de tempos em tempos, drenar a margem
Antes que um rompante da barragem
Mate um rio doce

E é doce. Acredite
Docemente amargo
Há quem goste. Pois fique
Há quem duvide. Pois afaste-se

Sabor a gente não explica
Nem tem que justificar
Quem não gosta, come outra

A você, toda a minha doçura
E (des)pretensiosamente
Faço minhas as de Drummond
“Se meu verso não deu certo
foi seu ouvido que entortou”.



domingo, 18 de outubro de 2015

Te amo no Whats

O Whatsapp é um mundo paralelo

Você ama. Manda beijos e corações, nudes e declarações

Tem grupos de trabalho, grupos de amigos, grupos de família

Bom dia! Boa tarde! Boa noite!

Pura simpatia

Saudades!

Quando a gente vai se ver?

Uai, precisa mesmo?

A gente se fala aqui todo dia, troca áudios, troca selfies e fotos de paisagem... somos tão próximos! Precisa desse encontro tão... próximo?

Para que esse olho no olho se eu posso visualizar e fingir que não vi?





É tão mais fácil! 

Numa conversa real a gente tem que interagir, né?

Pessoalmente, a gente tem que compartilhar emoções e sentimentos, né?

Não é mais fácil mandar um link? Compartilhar aquele meme? Mandar um emoji?


Vamos manter essa proximidade distante? Essa intimidade fria?

É mais fácil administrar

Posso rir do que não tem graça. Ou fingir me emocionar

rs


Posso falar com você e ignorar quem está aqui do meu lado

Posso ignorar você mentindo que tem alguém aqui do meu lado

Posso reler todo histórico para entender quem ignorou quem primeiro

Posso até ignorar tudo e fingir que acabou a bateria


Geniais essas inovações tecnológicas criadas para aproximar as pessoas

Ao contrário










sexta-feira, 16 de outubro de 2015

A Física explica (?)

A balança insiste em apontar cinco quilos a mais no marcador.

Cinco quilos? Mas, eu me sinto tão leve!

De repente é o cabelo. Meu cabelo cresceu pra caramba!

Cinco quilos de cabelo?

Ok! Cinco quilos de TimTam! E de vinho! E de queijos! E de liberdade!

Corpo (mais) pesado, espírito leve. Acho que estou no lucro.

Cinco meses. Cinco quilos.

Acho coerente. Acho justo. Um quilo para cada mês, porque eu gosto de divisões exatas - detesto quando tem resto, aí você tem que por uma vírgula e um zero...

É isso, né? Foi muito difícil pra mim aprender divisão na segunda série. Até hoje eu não sei muito bem. Por isso sou de humanas

Enfim, é uma conta simples, que dá pra fazer de cabeça. E eu gosto assim, simples.

Cinco meses - e cinco quilos - depois, eu finalmente entendi que, na essência, tudo é simples. A gente é que complica. 

E que, por mais que eu deteste admitir, uma vez que nunca aprendi, tudo é Física. Ação e reação. Causa e efeito. 

Eu poderia evitar o chocolate, o vinho e os queijos. Mas, não quis. Optei pela entrega ao prazer!

Lógico que eles iriam para algum lugar. No meu corpo, o lugar preferido deles é o quadril. 

Por que num corpo com cerca de 600 músculos o chocolate escolheu este que envolve meu quadril, e que nem macumba reduz, a Física não explica!

Se explica, não me convence!

De novo, a conta é simples:

Causa: liberdade gastronômica exagerada
Efeito: cinco quilos

Eu poderia agora estar sofrendo de culpa, tomando suco detox, dançando zumba sozinha no meio da sala com aquelas aulas grátis disponíveis na internet para queimar todas as calorias.

Mas, são 3:30 da manhã, meu corpo acha que são 4:30 da tarde e estou chupando drops de caramelo, ouvindo música ruim, mas que eu gosto, e escrevendo tolices.

Pela lei da Física:

Causa: preguiça jet lag
Efeito: manutenção dos cinco quilos + 1kg

Então, não dá para esperar "efeitos" diferentes, quando a nossa reação frente às causas permanecem as mesmas. Por exemplo, o presidente da Câmara não vai cair só porque você tá xingando muito no Twitter.

Temos que ir além e entender a "causa" que levou o presidente da Câmara a SUPOSTAMENTE ter milhões escondidos na Suíça.

Olha que merda! Tem 24 horas que eu voltei e já estou me contaminando... Eu escrevi sobre o Cunha!

A questão é que tá rolando uma onda de "que horror essa política, o que será do Brasil?" como se estivéssemos isentos da responsabilidade. 

Um ser intergalático compôs o Congresso, criou os partidos, organizou as alianças e antes de voltar para sua nave espacial, com um sorrisinho maléfico, disse: Se virem, terráqueos!

Foi isso! Ninguém viu como aconteceu! 

De repente, estamos às voltas com denúncias, inquéritos, operações eternas da PF, milhões e milhões e milhões em contas secretas na Europa.

E agora, quem poderá nos defender?

Causa. Efeito.

Somos todos responsáveis. Subir no pedestal do seu Facebook e bradar que você não é porque não votou em X nem em Y é falácia.

Política não é apenas voto. O problema é achar que é.

Somos todos responsáveis.

E se é para mudar, vamos assumir uma atitude diferente! 

Eu pretendo perder cinco quilos, assim que matar a saudade de todas as comidinhas que me fizeram tanta falta - oi, vó! quero pão de queijo e pudim! - e depois de celebrar, como Baco, as amizades que me fizeram tanta falta!

Mas, certamente não será sentada no sofá, postando hashtags indignadas sobre o meu peso.

Seria lindo se isso funcionasse! Eu nem iria mais me preocupar com política

Rá!

Reclamar faz parte do processo. Acho lindo! Demonstra, pelo menos, um despertar. O próximo estágio é, quem sabe, fazer alguma coisa para mudar o que está incomodando.

E, atenção: as vezes quem está incomodando é você. As vezes é você quem precisa mudar

Eu estou convencida de que nada muda - na política, no Congresso, na quantidade de massa adiposa do corpo, na vida amorosa - se a gente não mudar antes.

Causa. Efeito.

É muito fácil colocar a culpa nas fatalidades. Porque é difícil mudar. E por isso a gente nutre esse complexo de Gabriela - nasci assim, cresci assim, vou ser sempre assim.

É uma opção.

Apenas não espere "efeitos" diferentes desses que você conhece e reclama.

Causa: descompensação horária
Efeito: achar que é de boa começar um texto falando sobre peso, passar pelo Cunha e concluir com frase de livro de auto-ajuda.





















quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Epifanias de uma mochila

Fechar a mochila tem sido a parte mais tensa dessa jornada.

Carregar os 15 quilos nas costas é uma alegria depois que você consegue fechar a bendita.

Falar em mímica com motorista do tuk tuk, pegar ônibus pirata no interior da Tailândia sem entender direito se vai te levar ao seu destino, dormir agarrada com a bolsa para não perder o passaporte e os poucos bahts de vista. Tudo isso é tranquilo.

O difícil é fechar a mochila!

Larguei uma muda de roupa em cada cidade.

Não cabe.

Não precisa.

Calcinha? Jogo tudo fora! 

Não cabe.

Não precisa.

Não preciso das usadas. As limpas têm certa utilidade

É muita coisa que a gente carrega sem precisar.

Tênis que não usa, calça que não serve mais, casaco sem necessidade.

Medo. Culpa. Arrependimento.

Não cabe.

Não precisa.

"Você tá parecendo uma hippie" - MÃE, Minha

Tudo culpa do "vai que".

"Vai que esfria"

"Vai que chove"

"Vai que lá não tem"

"Vai que eu quebro a cara"

"Vai que eu me ferro"

"Vai que eu sofro"

O precavido carrega quilos de coisas desnecessárias. E faz promessa pro santo protetor dos viajantes pra conseguir fechar a mochila.

Por isso eu resolvi deixar muita coisa pra trás. Livrar-me de tudo que não cabe e não precisa.

Desapego

Pra que tanta roupa se a gente usa sempre as mesmas?

Pra que esse blush se tem dias que não rola nem de escovar os dentes?

Desculpa, sociedade. Tem dias que não rola mesmo

Pra que essa culpa se ela não vai mudar nada do que já foi feito?

Tá feito!

Liberte-se!

E assim, a mochila tá ficando mais leve. 

11 dias, cinco cidades e 1420 km depois, eu aprendi que para fechar a mochila a gente tem que carregar apenas o necessário.

Tem que aprender a separar o essencial do "volume dispensável e incoveniente".

Isso vale para roupas, pensamentos e pessoas.

Quando a gente se livra do que não precisa, abre espaço para coisas novas!

Sai a calcinha suja, entram os presentinhos para os amigos, por exemplo.

De novo: A lógica é a mesma para roupas, pensamentos e pessoas.

Tem que abrir espaço para o novo chegar e parar de carregar peso à toa!

Não cabe.

Não precisa.







segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Eterna na Malásia

Doze horas de espera em um aeroporto.

Você tem tempo para fazer muita coisa, inclusive nada.

Você tem tempo para pensar que precisa de um banho.

Você tem tempo para desejar uma cama como nunca antes na vida.

Você tem tempo para pensar em como seria lindo um prato de macarronada, com muito alho e molho de camarão.

Você tem tempo para tentar fazer cálculos a fim de descobrir como perder menos dinheiro na hora de trocar as moedas entre os países.

Você também tem tempo para se dar conta que não sabe mesmo fazer isso.

Apenas mais três horas e meia...


Você tem tempo para fuçar a vida de todos os ex's (namorados, paqueras, peguetes, etc) no Facebook e no Instagram.

Você também tem tempo para fuçar a vida daqueles que são promissores "futuros" (namorados, paqueras, peguetes, etc) no Facebook e no Instagram.

Alá, todo mundo postando foto da "Lua de sangue". Espero que não tenham perdido o eclipse enquanto postavam...

Caracas, todo mundo foi a um casamento esse fim de semana! 

Ah, não! Todo mundo estava no Rock in Rio esse fim de semana.

Ou assistindo pelo Multishow.

Beleza: #lua, #rockinrioeufui, #multishow. Ah! E tem uma galera xingando o governo, só pra variar.

Ok! Deu de redes sociais!

...

Ainda tenho duas horas...

Tem tempo para reparar como na Ásia a diferente é você.

E em como todo mundo te olha com aquela cara de "por que você não penteia o cabelo e cobre ele com um véu?"

Gente, dormir no aeroporto não favorece ninguém, me dá um desconto!

E eu sou da parte legal do Ocidente! Nós, latino-americanos, nunca exploramos nenhuma civilização oriental! Pelo contrário, a gente também foi explorado!

Dá tempo de revisar mentalmente alguns fatos históricos.

E tem tempo de sobra para pensar que vai ter uma síncope nervosa "na próxima vez que essa mulher anunciar mudanças no portão de embarque nessa língua que eu não entendo"

É meu voo?

Que língua é essa?

Ah! Agora é inglês!

Mas, que sotaque é esse??

Faz silêncio, gente! Eu tenho que me concentrar pra entender!

Aí, porra! Voltou pra língua esquisita de novo!

Não entendi! Vou ter que ir lá no telão checar MAIS UMA VEZ!

235 vezes nas últimas sete horas!

É sério! A mulher na cala a boca!

...

Em sete horas no aeroporto da Malásia foram três cafés. Talvez, por isso eu esteja meio ansiosa. E com essa dorzinha de leve na boca do estômago.

Na verdade, a dorzinha eu acho que é porque posso ter engolido uma barata no último café.

Eu ia pedir um muffin, mas tinha uma barata andando na vitrine do muffin.

Aí, eu pensei que o café era mais seguro, porque rola a água quente e tals, mata os germes...

Beleza! Café!

Fui pegar um saquinho de açúcar e uma colherzinha para mexer. Mas, o que tinha lá?

Isso, barata!

Calmaê que a mulher tá mudando portões de novo!

...

Só peguei o "thank you" do final! E um Singapore no meio... Deve ser o meu voo não.

...

Enfim, voltemos à barata. Tinha uma barata lá no meio das pazinhas.

Daí, eu já imaginei uma família de baratas na máquina do café e uma delas no meu copo.

E foi assim que eu engoli uma barata. Porque, gente, eu precisava do café! E tava ruim não.

Jesus Cristo! A voz do além de novo! E sempre tem um sinal sonoro antes, tipo uma campainha, que me assusta!

Sério! Tá perturbador!

Ah! Agora é o meu voo!! 

"Boarding now".

Aleluia!

.
.
.

Opa! Tem uns monges no meu voo! Vai dar tudo certo, então!

Vamo nessa!

Namastê


PS: O aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia, é limpinho, gente. Tem WiFi de graça e vários pontos com tomadas para carregar o celular. E tem lanchonetes confiáveis também. É que no final eu já estava bem zoada do fuso, sem dinheiro e com fome - fica fácil fazer escolhas equivocadas.


sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Finish him...



O dia em que o livro acabou
Sabe quando o livro que te acompanhou por semanas acaba e voce fica meio órfão? 

Então...

Exatamente sete dia antes da minha partida, o livro acabou. E, estou sentindo falta dele.

O caderno que testemunhou minhas confissões, confusões e divagacões também está no final. As últimas folhas em branco reservadas para os últimos dias.

Até o pacote de papel higiênico que eu comprei na promoção vai acabar essa semana.

Coincidência? Estratégia inconsciente?

Não sei, mas está tudo terminando por aqui.

Parece que tem cinco anos que eu sai de casa. Mas, passaram como cinco semanas. E tem apenas cinco meses. Foi tudo bonito, intenso e verdadeiro - disse Gusttavo Lima.

Foi. Na última potência.

Se era frio, era muito frio
Se era vento, era ventania
Se era chocolate, era TimTam
Se era limão, era muito caro

Se era saudade, era doída
Se era amor, era saudade
(Se tem saudade, era amor?)
Se era sozinha, era autêntico

Aí, chegaram as pessoas
Completamente especiais
Conectadas pela mesma vontade de resignificar, reiventar, redescobrir
Conectadas pelas mesmas crises de "o que eu tô fazendo aqui?"
Conectadas, agora, pelos planos de novas conexões

O "voltar" é meio assustador
A gente sabe o destino, mas sabe que nao é o mesmo lugar
Eu vou caber? 
Voltar pra onde? Voltar pra quê?

Porque o livro acabou
Porque você preencheu o caderno todo
E não tem mais papel higiênico

Tem que começar de novo
Escolher um outro título
Comprar um novo caderno - em branco
E o papel higiênico...
Bom, tem coisas que a gente não recicla

Ainda bem que o sonho não é uma delas

...

HADOUKEN!!!

<< YOU WIN >>





sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Episódio 5: Nada (nada mesmo!) será como antes

Na infância eu tinha medo.
Sempre fazia o caminho mais longo para evitar passar por um.
Até que veio a fase do "quero um!".
Mas, discurso de mãe que cria filhos em apartamento é sempre o mesmo.
"Nem pensar! Não tem espaço nem pra gente direito".
E não tinha mesmo. Você nunca caberia em um apartamento.

Mas, chegou o dia da mudança.
Era uma casa. Grande. Muito espaço.
"Mãe, não tem mais desculpa".
- Eu não vou dar banho, não vou dar comida, não vou cuidar de nada. Se virem!

Mãe sempre tem discurso pronto.

Mas, ninguém resistiria a você! Uma bolinha de pelos! E, eu lembro, a mais quietinha da ninhada. Desde cedo dava sinais de que seria uma lady.

E foi.

No começo, um ursinho chorão. Mas, eu te entendo. Fazia frio e você estava longe dos seus 11 ou 12 irmãos.

Depois, um ursinho cagão.
Mas, a culpa foi nossa. Não deveríamos ter colocado leite na sua ração.

Pra cumprir a promessa, o despertador tocava 15 minutos mais cedo - era preciso trocar os jornais do seu canil antes de ir pra escola.

O canil. 
Rapidinho você aprendeu a fugir dele. Uma bolinha de pelos que escapava pelas grades e corria pra rolar na terra.
Porque quando você chegou ainda era terra. 
Depois veio a brita e só mais tarde a cerâmica. 

Você acompanhou todas as fases - e se divertiu em todas elas.

Quando você chegou eu era uma adolescente retardada. 
Ninguém me amava, só você - eu pensava.
E eu queria tanto que o João Guilherme me amasse... Lembra dele? 
Eu falava dele pra você.

Eu também te falei que não aguentava mais estudar para o vestibular.
E aí, a gente corria atrás dos sacos de supermercado para relaxar.
Você nunca cansava. Você sempre queria mais.

Você também correu comigo pela casa quando saiu a lista de aprovados.
"Tô chorando, mas dessa vez é de felicidade, Leka! Não precisa se preocupar!"
Pronto! Fomos celebrar!

Você acompanhou todas as fases - e me divertiu em todas elas.

Você também foi testemunha de vários segredos.
Nunca contou pra ninguém, mas deixava claro sua desaprovação e logo se retirava.
Você odiava fumaça de cigarro.

Mas, gostava de mamão. E de frango! 
Fazia questão de anunciar que queria um pedaço do "nosso almoço" assim que farejava uma ave no forno.
E sempre ganhava.
E sempre queria mais.
E sempre ganhava.

Você merecia.

A adolescência acabou. As responsabilidades aumentaram.
Eu quase não parava em casa. Mas, sempre que chegava você e seu cotoco, agitado de um lado pro outro, me davam aquela sensação de "home, sweet home".

(E agora?)

A gente não tinha mais tanto tempo pra brincar. Mas, você nunca guardou mágoas disso.
E se eu começasse uma dieta nova, você sempre topava correr comigo pelo condomínio. 
E você corria!
Feliz!

Até que começou a ficar cansada.

Correr atrás de sacos de supermercado continuava legal, mas você às vezes caminhava - e já não pulava tanto.
Mas, estava lá!

Você sempre estava lá. Era só chamar.
E quando eu chegava em casa de madrugada - voltando da balada ou de um plantão cansativo - você sempre estava lá.

Ultimamente você não levantava mais para me receber.
Mas, sempre espichava o pescoço e balançava o cotoco.

(E agora?)

Eu pedi pra você me esperar! Eu falei que voltaria rapidão!

E agora?

Desculpa querer que você ficasse, mesmo com dor. É que eu sou egoísta mesmo. Queria ver seu cotoco balançando mais uma vez.

Desculpa por todas as vezes que você trouxe a bolinha e eu não tive paciência de jogar.
Por todas as vezes que eu te ameacei com a varinha para você parar de fugir.
Por todas as vezes que eu gritei quando você espirrou na minha perna.

E obrigada por me amar quando ninguém mais amava - mesmo depois de eu me recusar a jogar a bolinha, te ameaçar com a varinha e gritar pra você não espirrar na minha perna.

Obrigada por correr comigo.
Obrigada por me abraçar depois que eu chegava da corrida - e você não podia mais me acompanhar.
Obrigada por nos proteger e avisar quando alguma coisa estava fora de ordem.
Obrigada por ter acompanhado tudo.
Obrigada por sempre estar lá.

E como o "sempre" sempre acaba
Dessa vez, você não estará.

;(



11 anos de amor

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Episódio 4: Um novo caso de amor

Quem me conhece na intimidade vai ficar supreso com tamanha exposição. Mas, sim: estou amando e quero que todo mundo fique sabendo!

Um caso de amor que nasceu em Sydney em um momento em que, mais do que nunca, estou me dando a oportunidade de experimentar todos os sentimentos, sem medos ou repressões.

Longe de casa, da família e dos amigos é fácil ficar vulnerável. E acredite, eu ponderei muito sobre isso antes de assumir para mim mesma - e agora pra todo mundo - esse sentimento. 

Pode ser carência. Não se empolga!

Mas, e essa sensação de plenitude quando chega a hora do nosso encontro? E essa vontade incontrolável de ter por perto toda a hora? E essa fraqueza que eu sinto quando, na correria do dia, não dá tempo da gente se encontrar?

Não é só carência... acho que eu gosto mesmo!

Quando a gente gosta, sente a pele arrepiar só de sentir o cheiro, né?

Quando a gente gosta, todo tempo junto é pouco, né?

Quando a gente gosta, mal se despede e já pensa no proximo encontro, né?

Quando a gente gosta, faz qualquer sacrifício para estar junto, né?

De acordo com os meus conhecimentos em romances baratos, a reposta para todas as questões anteriores é SIM.

Portanto, é oficial: eu gosto! Gosto muito! 

Por isso, amigos, parentes e todo mundo que apostou que eu talvez decidisse não voltar para o Brasil porque encontraria um grande amor, acho que vocês acertaram. A vontade de ficar é grande principalmente por causa dele.




Café, seu lindo, eu te amo!

Eu sei que tem café no Brasil - e dos bons! - mas não se trata apenas de 'beber café', é a experiência por trás disso!

É comprar um take away no caminho para a escola, fazendo uma oração de 'vambora segunda' a cada gole, cruzar a ponte e dar de cara com aquele engravatado que está com uma mão no bolso e a outra do lado de fora, congelando, mas tem que segurar o copo de café!

Mocha, latte macchiatto, CAPUCCINO, flat white (que, reza a lenda, é invenção australiana)... tem para todos os gostos. Um em cada esquina, uma delícia de vício!

No começo era um por dia, de manhã, só pra dar uma animada. 


Mas, pô! Vou estudar a tarde toda, preciso de um café

Dois por dia. De segunda à sexta. Tá razoável.

Mas, no sábado... estava faltando alguma coisa... 


Acho que eu vou ali no Union* tomar um café

E aos domingos é a pedida perfeita para sentar e ler o jornal, antes de fazer as compras da semana.

Eu me rendo, não sei mais viver sem você! Os dias não são os mesmos sem você!

E não estou sozinha nessa. Tanto que tem festival de café para alegrar todos os viciados!

Aroma Festival 2015 - The Rocks lotada de stands vendendo cafés do mundo todo por AUD$ 2,00
O Aroma Festival é um evento anual que dura quase todo o mês de Julho. Ao longo de 20 dias são oferecidos vários workshops e cursos de barista. Mas, é no Aroma Festival Day que os amantes de café se acabam: um domingo inteiro com os melhores 'cafés' da cidade vendendo suas maravilhas por AUD$ 2. 

Tem competição, com direito a voto popular, para eleger o melhor café de Sydney. E claro que rolam os "acompanhamentos", porque nem só de café vive o homem, cupcakes e alfajors também são necessários. Para os descafeínados, tem chá - de todas as ervas (lícitas) imagináveis.

Foi um domingo de inverno ensolarado e energético! Foi quando eu me entreguei totalmente à paixão. Foi quando eu me dei conta que não tenho mais controle sobre mim - ele me domina!

Capuccino, sempre ele!
Então, podem respirar aliviados, amigos. Correspondendo a todas as expectativas, eu encontrei um companheiro australiano e agora minha vida está completa! 

E a gastrite vai bem, obrigada!


*Union é o café perto de casa cujo barista faz a espuminha do leite parecer manjar. E rola cartão fidelidade: compre cinco, ganhe um! Toda semana rola um na faixa! Sou fiel!