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terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Acumuladores compulsivos

Pequenas coisas que viram grandes amontoados. Você olha para aquela pilha e desiste: muita coisa! Deixa aí, depois eu arrumo isso. Mas, a tendência é colocar mais coisa em cima. Cada pequena nova coisa que surge e dá medo/preguiça de resolver, você joga na pilha.

Até que chega um dia que não tem jeito. Ou você organiza, ou ela vai cair na sua cabeça.

Você, sabendo disso, assiste – conscientemente – ela cair e bagunçar o pouco que estava arrumado. Vira uma zona completa. Soterrada, você fica ali, sufocada, mas sem disposição pra levantar e começar a faxina. “Pelo menos aqui está quentinho”.

Tem também aquele movimento quase suicida de decidir organizar a pilha antes dela cair, mas puxando aquele problema que está lá no fundo – debaixo de tudo, a base da pirâmide. Você tira, mesmo sabendo que vai cair tudo junto com ele. E fica sufocada também. Segurando aquele problema na mão.

A gente pode também sentar de frente pra pilha, chorar até dormir em posição fetal, pedindo a todas as forças do Universo para que ela tenha sumido quando você acordar.

Ela não some assim.

Qualquer que seja a estratégia vai exigir um esforço. Uma força. Uma decisão.

Qualquer que seja a estratégia, vai ter um pouco de dor. A gente pode se entregar a ela, parar, reclamar, esperar passar e começar tudo de novo. 

Ou, meter o louco e continuar correndo mesmo com o joelho estourado até terminar a corrida.  Vai ter repouso e gelol no final.

Cada um encontra seu jeito de fazer funcionar. A gente respeita o dos outros e tentar achar o nosso. Somos todos acumuladores compulsivos tentando nos livrar dos excessos, ficar mais leves, deixar um pouco a matéria para viver mais a fluidez do que realmente faz sentido.

E a gente sempre sabe o que realmente faz sentido. Está lá no fundo, encoberto por aquela pilha pesada de lixinhos que a gente guarda.