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terça-feira, 29 de março de 2022

qual seu combo preferido?

"a qualquer hora o mundo pode confundir sua cabeça

é preciso ter amor para enfrentar o que aconteça"


peguei emprestados os versos de umas das minhas músicas preferidas* para reaparecer por aqui.


4/12 desse 2022. um ano que promete forte emoções.

já deu pra sentir, né?!


não há mal que sempre dure. mas, enquanto dura...


"é precsio ter amor para enfrentar o que aconteça"


e aí tem que (des)construir essa ideia aí de amor


amor não impede revolta, indignação, tapa na cara

não que seja a única forma, mas é também uma forma.


amor não impede um "vai tomar no c*" pra exorcizar tudo que impede esse amor de crescer


amor também é silêncio

é renúncia

é autoaceitação


e nada disso aí é fácil e acontece em campos floridos de paz

dá um trabalhão amar


amor também é liberdade - essa palavra que eu tanto prezo

para amar tem que ser livre

e pela liberdade de amar, vale tudo isso: revolta, indignação, tapa na cara.


"se é pressão que impede de ter a cabeça boa

é preciso ter coragem e aprender a voar"


coragem.

junto com liberdade e amor, é meu combo preferido.

uso sempre como bússola pra as decisões (e consequentes renúncias) da vida.


bom "sempre" não, né?!

já fiz muita coisa movida pelo fígado.


a vida não é linear. tem vários caminhos

recuar não é regredir

aliás, mudar de ideia faz parte do "ser livre"


revisitar-se sempre

é isso que garante o fluxo, o movimento da vida


muitas coisa estancada nesses 2 anos, né?!

mas, as compotas começam a se abrir


vocês já começaram a socialização?

ainda sabem como se faz?


eu tô recomeçando! e trago novidades: 


em abril chega o "tinha que ser preto"

um livro que assino em coautoria com um monte de gente massa!

sobre o amor, a coragem e a liberdade da negritude


*Iluminar - Natiruts

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

revanche

"eu tenho a teoria de que uma parte de nós morreu nessa pandemia"

várias pessoas vieram comentar comigo que faz algum sentido essa minha forma simplista de compreender os últimos dois anos.

na verdade, acho que uma parte de nós está sempre morrendo. e dando espaço para uma nova pessoa. é o que chamam de 'constante processo de desconstrução e construção'.

lendo assim parece bonito. esse trabalho de autoconhecimento, autoavaliação, investigação de si mesma.

na prática, dá um trabalhão da poha! e dói.

dói muito!

se perguntar o que gostaria de fazer se a pandemia acabasse hoje, por exemplo, é uma forma "lúdica" de se investigar.

uma galera travou na resposta.

é que aquela pessoa de antes não existe mais. a nova, que tá chegando, tá tateando... tentando entender o que faz sentido a partir de agora.

na odisseia interna de cada uma de nós, são muitos os fins e recomeços. para (muito) além da pandemia, a gente está sempre encerrando ciclos e encontrando formas de continuar. a diferença, agora, é que, além dessa gincana individual, estamos todas imersas num desafio global como humanidade. aí, as coisas ficam mais tangíveis.

consigo ver, nitidamente, que uma parte de mim realmente se foi. uma parte que segurou a onda mais pesada da nossa trajetória até agora. ela foi uma gigante! ela quis desistir inúmeras vezes, mas, mesmo sem saber como, levantava e seguia! até chegar aqui, e passar o bastão para essa nova pessoa que assume agora.

foi descansar. entregou todas as lições absorvidas no caminho e, antes de se despedir, exausta, pediu para que a novata, que assume agora, olhe com carinho até para as dores. são elas que nos deixam em alerta para não pegar de novo uma estrada que, aprendemos, nos leva para um lugar onde não foi bacana estar.

voltamos à encruzilhada. prontas para novas descobertas. atentas, para não tropeçar em tantas pedras. 

uma parte se foi. mas, será sempre parte. nas lembranças doloridas, nas cicatrizes... estará sempre ali para lembrar que, mesmo depois do nocaute, na lona, zonza da porrada, dá pra levantar, se recuperar, voltar a treinar, e pedir uma revanche.

ei, vida: eu quero revanche!


segunda-feira, 31 de janeiro de 2022

quem faz a roda girar?

 vocês sabem que o mundo ruiu, né?!

nada daquilo que a gente conhecia vai operar da mesma forma.
a pandemia é uma catástrofe. não deixa escombros físicos, mas derruba tudo.
inclusive as estruturas do mundo do trabalho.

você já parou pra pensar em como vai ser a partir de agora?
a gente está meio que no limbo, né?! tentando se adaptar, achando que é transitório.

entrando no terceiro ano do 'transitório'.

as mudanças impactaram todo mundo, mas de formas diferentes. mulheres, pessoas negras e jovens são os três grupos mais atingidos negativamente, de acordo com estudo do Ipea de 2021. na interseccionalidade, jovens mulheres negras estão no fim da fila do mercado de trabalho.

e se essas mulheres são mães?
como está o mercado de trabalho para mães?

no começo da pandemia, escolas e creches fechadas, todo mundo em casa, muitas foram demitidas porque não tinham com quem deixar os filhos pra continuar trabalhando. muitas outras foram ao limite da sanidade mental pra conciliar tudo (olá!).

e o esgarçamento não para.

nessa loucura forçada, algumas (muitas!) competências foram desenvolvidas.

apresentar duas horas de um programa de rádio com uma criança de 2 anos 'tocando o terror' em casa. eu nem sei se tem nome para essa habilidade.

tem também 'acompanhar um painel do Fórum Econômico Mundial, em inglês, ao som de Saltimbancos e com uma batalha de dinossauros no tapete da sala'.

vou poder colocar isso no currículo? no linkedin?

são essas as soft skills. ou habilidades interpessoais.
eu traduzo por "competências adquiridas pelas necessidades da vida, que não ensinam em nenhum curso técnico ou de nível superior"

quanto isso vale?
porque, vamos combinar, mulheres têm uma lista dessas! mães então... pensa aí:

capacidade de negociação.
(serve para convencer a entrar e a sair do banho. imagina no mercado de trabalho?!)

assertividade na comunicação.
(você se faz entender para uma criança de 2 anos. e para qualquer outra pessoa no universo)

resiliência e flexibilidade.
(quantas vezes por dia você quer abandonar tudo? e ainda estamos aqui, né?!)

CAPACIDADE DE TRABALHAR SOB PRESSÃO.
(essa daqui nem precisa de explicação. é só o que temos feito desde o início da pandemia. há dois anos administrando casa, crianças, vida pessoal, contas, profissão e testes de covid)

e aí? quanto isso vale?

o jeito de trabalhar mudou. as pessoas mudaram. o mundo está mudando profundamente.
impossível o mercado de trabalho não mudar.
e, mulherada, passou da hora da gente estabelecer as regras. há séculos o mundo ocidental tenta deturpar a realidade crua: se não é a gente, a roda nem gira!

quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

estratégia de sobrevivência

 TEIMOSIA


O que sustenta meu corpo
são as minhas ideias

Braços descruzados,
tenho um cérebro com asas
e sou todo coração.

sergio vaz

🍃

há tempos quero mandar esses versos do @poetasv aqui. achei a primeira segunda-feira do ano um dia bem apropriado.

🍃

espero, ao longo do ano, amenizar as olheiras, manter o cabelim organizado e ler mais poesia.
ser mais poesia.

relaxar os braços, os ombros, a armadura. dar vazão às ideias e ouvidos ao coração.

definir direitinho, pra mim mesma, quem sou, pra onde, como e com quem vou. bem ao estilo audre lorde. a única forma de não ser engolida pelas expectativas que jogaram em cima de mim.

atenta e forte.
aprendendo a jogar.
nesse compilado de versos e poetas que admiro, me inspiram e me ajudam a ver o mundo pelas lentes da arte.

essa é a minha estratégia.

me conta a sua?

2022 e acerolas

 a acerola floresce, brota e amadurece. no tempo dela. alheia a calendários ou virada de ano. segue.


por aqui, chegamos ao fim de um ciclo e, dizem, renovam-se as esperanças com a proximidade de um ano novo.

não sei se é a idade, o resultado eleitoral de três anos atrás, a pandemia - ou esse combo todo - que veio matando a tal crença num futuro melhor.

21 foi realmente exaustivo - e eu nem sei ao certo separá-lo do 20. atropelada por um grande borrão de acontecimentos. mas, tô aqui. várias escoriações, joelho ralado, cicatrizes... mas, aqui!

e, se os motivos são poucos, eles ao menos existem.

viva. vacinada. lúcida (bom, na maior parte do tempo). consciente. e com coragem pra batalha que se aproxima.

sim. 22 vai ser uma batalha. não se engane.

desejo que a gente tenha disposição pra celebrar as pequenas vitórias diárias. alegria pra afrontar quem nos quer derrotadas. e dinheiro pra pagar terapia.

nessa virada, brinde à sua saúde.
e sigamos!

um 22 de florescer pra nós. igual ao da acerola - que usa o tempo nublado e chuvoso pra se nutrir e fortalecer.

🍃🍃🍃

doce de leite

 Um paradigma africano sobre o pragmatismo está ecoando há alguns dias por aqui.


Aceitar a realidade posta e buscar soluções práticas. Resumidamente, é sobre isso.

Li uma publicação de @abiolayayi no fim de semana e achei uma reflexão extremamente pertinente. Uma coisa tipo “não adianta chorar pelo leite derramado”.

Derramou. E agora?

Tudo bem aquela lamentação, uma choradinha e tal. Mas, o leite não vai se limpar sozinho.
E aí, vai fazer o quê?

Chora enquanto limpa e sai pra comprar outro.
E bora que vamo!

A vida adulta é meio assim, né?! Estou falando de nós, pessoas normais, sem herança nem título de nobreza. Nós, classe média brasileira que vê o salário derreter com a inflação.
Nós, mães que temos que dar conta de tudo e de mais um pouco ao mesmo tempo e agora.
...

A reflexão sobre o paradigma africano voltou justamente enquanto estou aqui editando textos de mulheres que toparam o desafio de escrever sobre maternidade sem o filtro do instagram. Sem aquela romantização de 'pare cinco minutos e espere a raiva passar' - porque, na prática, em cinco minutos o trem da vida te atropela duas vezes.

Histórias reais, de pessoas reais, sem herança nem título de nobreza – admitindo esses sentimentos plebeus da maternidade.

E nesse malabarismo da vida de mãe, o leite derrama VÁRIA VEZES.
Acaba. Perde na geladeira. Azeda. E aí, a gente lamenta – ô, se lamenta!

“Como teria sido se eu tivesse feito um doce com esse litro de leite perdido?” A gente sempre flerta com a realidade ideal, que nasce num lugar irreal.

Não rolou o doce de leite.

O casamento acabou.
O parto foi prematuro.
A depressão apareceu.
O teste de covid deu positivo no meio da gestação.
O diagnóstico é de microcefalia no bebê.

Não rolou o doce de leite.

E aí? A gente faz o que com a realidade que se impôs?

Eu não tenho resposta não. Mas, estou aprendendo um monte com esse projeto que eu e @dagabik estamos gestando.

Nasce ano que vem!

Aos poucos a gente vai contando mais sobre essas histórias, essas vivências plurais, esses leites derramados que viraram "Potência Materna" 💛