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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Não sei dar nome

Se nos primeiros trinta dias lá o medo era não se acostumar
A tensão agora é acerca do tempo que leva para desacostumar
Já sabemos que são mais de 30 dias

Lá se foi o último pacote :(


A cabeça não funciona mais do mesmo jeito
Esquece os óculos, esquece o nome do filme
Esquece o que tinha que esquecer, esquece para que ela serve

E é só tentar desligar que ela decide passar tudo a limpo
O dia, a semana, a vida
Tudo ao mesmo tempo, durante as seis horas 
Que você achou que seria conveniente dormir

Não vamos dormir não 
Vamos pensar em tudo que precisa ser feito e você não sabe como

As pessoas não são mais as mesmas
Agora é fácil saber quem se importa e quem finge se importar
Quem gosta e quem é fachada
E não há mais paciência para fachada

Há coisas mais importantes para ajeitar do lado de dentro
Então, tudo que é superficial demais acaba morrendo na superfície
O oxigênio na profundidade é rarefeito
Melhor garantir o de quem realmente quer viver por lá

Sendo assim, barramos
Mas, é preciso ficar atento
E não deixar acumular muito dejeto
Recomenda-se, de tempos em tempos, drenar a margem
Antes que um rompante da barragem
Mate um rio doce

E é doce. Acredite
Docemente amargo
Há quem goste. Pois fique
Há quem duvide. Pois afaste-se

Sabor a gente não explica
Nem tem que justificar
Quem não gosta, come outra

A você, toda a minha doçura
E (des)pretensiosamente
Faço minhas as de Drummond
“Se meu verso não deu certo
foi seu ouvido que entortou”.