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segunda-feira, 7 de maio de 2012

O medo de não poder "resetar"


clica na tirinha que ela fica maior! ;)




Uma vida só é pouco. É muito pouco.

Não dá pra fazer, em uma vida só, tudo que a gente planeja. E aí, pra otimizar o tempo, nós somos obrigados a fazer escolhas.

São milhões ao longo da vida. Que filme assistir? Que roupa vestir? Pra onde viajar? Com quem se relacionar? Quais palavras usar?

Enquanto a nossa maior dúvida é decidir entre o caderno da Turma da Mônica e o da Minnie a vida é linda. Porque se fizer um pouquinho de drama seu pai acaba levando os dois.

Conforme a gente vai crescendo as escolhas ficam mais difíceis. Você tem que escolher se vai de vestido ou de calça jeans pra aquela festinha matinê da escola que é a sua chance de impressionar o menino mais bonito da sétima série. Aí você vai de jeans, ele nem olha na sua cara e você conclui: devia ter vindo de vestido.

Mas aí, já era! A sua chance foi desperdiçada. Você fez a escolha errada e agora não tem mais volta. Perdeu o gatinho da sétima série. E você nunca vai saber como seria se tivesse ido de vestido.

Você nunca vai saber como seria se tivesse feito vestibular para Psicologia. Se tivesse vendido tudo pra fazer um curso fora do país, se tivesse dado seu número de telefone certo. A gente não tem segunda chance nessa brincadeira.

Porque é fácil o Mario enfrentar o dragão do castelo para salvar a princesa depois que a gente já pegou um quilo de moedinhas e tem 65 vidas. Com 65 vidas até eu! Ainda mais podendo dar pause e reset. Mole!

Aliás, um botão de “reset” faz falta no mundo real. Ainda que fosse limitado, pra não perder muito a graça de viver. Mas, a gente podia ter a opção de “começar tudo de novo” em algumas situações... Consertar algumas coisas...

Normalmente essa aflição é coisa de gente covarde, que tem medo de arriscar e descobrir que não era bem isso que queria. E, como eu sou meio covarde, a aflição é, pelo menos, coerente.

Só fica um pouco mais complicado quando a covarde também é meio sonhadora e empolgada. Gosta de fazer muitos planos e enlouquece só de imaginar que pode passar pelo mundo sem ter conhecido todas as fases, sem ter lutado contra todos os chefões, sem ter descoberto todos os caminhos alternativos, sem ter zerado o Super Mario Bros.

Fica aí, “mafaldeando”, escrevendo tudo que ainda tem que fazer na vida e guardando os papeizinhos no fundo de uma gaveta qualquer para ver se abafa o grito insistente das vontades. Mas, eles só aumentam.

Vou perguntar pra Mafalda como faz.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Prefiro equações numéricas

Não entender direito como as coisas funcionam sempre me deixou um pouco irritada. Das equações matemáticas de segundo grau às fórmulas para calcular o volume de um cone dentro de um trapézio. Das contas para encontrar a força necessária para movimentar uma polia – eu sempre lembro do meu professor de Física quanto faço “puxada alta” na academia – às ligações peptídicas.
Enfim, não entender “coisas” contribuiu bastante para minha gastrite. Chega um momento em que você desiste de aprender, decora a fórmula, faz um milhão de exercícios e passa no vestibular. Pronto. Nunca mais a trigonometria me perturbou.
Aí você tenta a mesma tática com as pessoas. Porque tem muita gente que é incompreensível. E não entender as pessoas é chato também. Não irrita, mas aflige.
É que não tem fórmula para pessoas.  Depois de brigar muito, ou se omitir demais, você até consegue aprender como lidar com elas. Mas, nem sempre dá certo. Não é como com números. Na matemática a fórmula nunca falha. Já com as pessoas...
E para descobrir mais ou menos como agir, é preciso muito exercício, muito teste. Assim como com os problemas de física. Só que fazer exercício com pessoas acaba com a minha sanidade.
Não dá pra pegar a borracha, apagar todos os cálculos e começar tudo de novo. Não dá pra arrancar a página do caderno, amassar e jogar fora. Não dá pra fazer anotações e perguntar pro professor na próxima aula. Não dá pra simplesmente esquecer aquilo tudo, escolher uma profissão que não exija raciocínio matemático e botar fogo no livro de exercícios.
Tem que encarar. Porque é preciso conviver. Vivemos em sociedade, não é mesmo? Não dá pra entrar numa bolha com um computador, um livro e um saco de balas de caramelo. Não sem ser internado numa clínica psiquiátrica. O que pode ser uma bela escapatória.
Mas, tentando não enlouquecer, é difícil entender as pessoas. E o comportamento delas.
E por que tentar?
Porque o comportamento delas interfere diretamente no seu. Por mais que a gente tente ser indiferente e seguir o próprio caminho, sempre vai ter a vida de alguém no meio. Pra ajudar, ou pra atrapalhar. Ou pra não fazer nada, o que irrita também.
E existem umas convenções falhas que você jamais vai ver no mundo dos números. O 1 é sempre o 1. E o resultado de 5 + 5 é sempre o mesmo. Agora, no mundo real das pessoas humanas, é mais parecido com a química – tudo depende das condições de temperatura e pressão. E de cortisol no organismo.
Porque existe uma definição de amigo, de mãe, de irmão, de filho, de cachorro. Mas ela muda em algumas situações. Varia de acordo com os interesses do amigo, da mãe, do irmão, do filho, do cachorro. Tudo multiplicado pelo o que você espera do amigo, da mãe, do irmão, do filho, do cachorro. Elevado ao quadrado e dividido por dois.
Como na matemática, o resultado depende de quem faz as contas. Bom ou ruim, cabe a você lidar com ele. E é aí que começa o verdadeiro problema.
Agora eu entendo porque algumas pessoas preferem os números.

Obs1: Nunca coloque fogo em livros. Eles sempre podem ajudar alguém. Doe pra biblioteca mais próxima de você.
Obs2: Nunca coloque fogo em pessoas. Mesmo que elas não sirvam pra ajudar ninguém. Dê um livro pra elas.