Está tudo a um clique: a receita do bolo integral de banana,
o telefone da academia, o endereço da loja de produtos sem glúten, a sua série
preferida, o tele-entrega da pizza para os dias de TPM, as fotos das férias da
sua grande amiga que você não vê há anos, as fotos do namorado da sua rival da sétima
série que você também não vê há anos...
Tudo na nossa frente. A gente não precisa nem sair da
cadeira para saber tudo o que se passa no resto do mundo. E, se precisar
levantar pra, sei lá, ir trabalhar, pode levar o mundo com você, na palma da sua
mão (sim, às vezes os clichês são necessários).
Para qualquer dúvida, temos o google. Foi-se o tempo em que
a gente parava no posto de gasolina pra pedir informação sobre como chegar à
chácara do amigo que vai dar o churrasco de domingo. Temos o maps, temos o
waze, temo o whatsapp. (Ainda assim, quero defender aqui as pessoas desorientadas
que ainda precisam da ajuda do frentista, como eu).
Precisa de um táxi? A internet te dá (em Brasília nem sempre
funciona, mas a capital é um caso à parte)! Precisa de um pet shop? Internet!
Ouviu uma música na balada e PRECISA saber o nome da banda? Dois cliques
resolvem seu problema. Com três, você aprende a letra e sabe até com quem os
músicos estão casados.
Quer um abraço ou um beijo? A interne... ops! A internet
resolve?
Até pouco tempo não. Mas aí criaram o tinder! Pronto! Até o
amor está a um clique! Ou melhor, a um coraçãozinho verde!
Tudo bem... na maioria das vezes o amor dura uma semana no
whatsapp e uma noite divertida. Ou não.
“Ah! Mais a minha amiga encontrou o amor da vida no tinder”.
Ótimo.
As exceções estão aí para confirmar a regra. O tinder é uma válvula de escape
para pessoas que não sabem mais onde procurar o que elas não acham na
internet. Tipo o amor.
Remédio pra cólica, pra dor de cabeça, pra ressaca ou pra
piriri a gente encontra na internet. Liga pra farmácia e rapidinho chega. Mas,
e remédio pra carência? Onde encontra?
No tinder!
Dá uma olhada no cardápio, escolhe aquele que mais te
agrada, por meio de uma analisada rápida nos interesses e amigos em comum, e
escolhe. Escolhe um, dois, três, 15! Até que... match! Um dos 15 que você curtiu
também curtiu você – e provavelmente outras 15.
Se o papo for bom, rapidamente o novo casal marca um
encontro e é isso! A carência da semana está resolvida! Qualquer coisa, outros
matches virão!
É tudo muito rápido! Curtiu, marcou, combinou, encontrou,
beijo, tchau! Próximo!
A palavra dessas gerações – x, y ou z – é velocidade! Tudo
agora! De imediato.
Porque se o computador trava, a gente pira! Aquela rodinha
do Windows que roda, roda, e roda enquanto
atualiza a página, enlouquece! Se visualizou, mas não respondeu o whatsapp, não
tá interessado! Próximo!
E assim caminha a humanidade: neurótica, acelerada,
impaciente, ansiosa, com vários
encontros “românticos” porém, solitária.
Tudo se resolve em um clique. Você e a tela. A tela e você.
A consulta psiquiátrica a gente faz pelo skype. O tarja preta a gente pede pela internet. E é só postar uma foto das suas pernas estendidas na beira de uma piscina acompanhada de #verão, #sun, #vidaboa #instagood que seu amigos nem vão perceber que você surtou.
PS: caro leitor, se você não sabe o significado de metade das palavras usadas nesse texto, não se preocupe! Isso é apenas um sinal de que você não corre o risco de surtar, como essas últimas gerações alucinadas.