Páginas

segunda-feira, 14 de junho de 2021

A força do ódio

Sim, eu acredito no amor.

E aqui não estou falando dessa ideia romântica de amor, construída pela sociedade Ocidental colonizadora – que sempre vincula esse sentimento à renúncia ou sofrimento, por sinal.


Estou falando de amor como força motriz. O amor per se. Que nos impele a proteger e cuidar do objeto amado. Inclusive de nós mesmas.

Mas, hoje eu quero falar da força do ódio.
Sim, quero legitimar o ódio.
A ira.
A revolta.

Todo mundo sente, não me venha com chorumelas.
O ódio faz parte da gente assim como o amor. E a tristeza. E a alegria. E a frustração. E a raiva. E a preguiça.
São todos sentimentos humanos.

Foi essa mesma sociedade Ocidental colonizadora (interessada em dividir para conquistar) que inventou que ódio é ruim e feio e que você não presta se sentir ódio.

Daí veio o tempero da religião dizendo que ira é pecado capital, e você vai pro inferno se sentir revolta e vontade de mudar toda essa merda que está aí.

“Não é merda não”, dizem. “Nem use essa palavra! É feio! Seu sofrimento é redenção. Ignore essa ira e aceite o seu destino.”

Conquistar.
Colonizar.
Manter você no mesmo lugar.

O ódio movimenta. A ira quebra vidraças. A revolta nos impele a planejar para transformar.

Pois eu, admito, estou sobrevivendo pela força do ódio.

Sou contra armas.
E violência.
O que não quer dizer que eu seja contra o ódio.

O ódio, se canalizado pro lugar certo, é de muito bom proveito.

Por isso, estou aqui usando todo meu autocontrole para pegar essa ira + revolta + ódio e usar como combustível pra transformar a realidade – já que ela não tem sido favorável nem pra mim nem para gente como eu. O Estado continua matando mulheres como eu. Só pra citar um motivo.

Racionalize o ódio. Te ensinaram a racionalizar o amor – mas o amor é só sentir. O ódio é que precisa passar pelo crivo da mente, pra ser estratégico - e não virar ódio cego e irracional.  

Vivendo no Brasil, motivos sentir ódio e que não falta.

Aceite o seu. E vá fazer alguma coisa pra mudar toda essa merda que está aí.

PS: Para reclamações procure Mercúrio retrógrado. Grata.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Reavaliando o nível de aceitável

 Eu estava fazendo umas contas, e apesar de ser péssima em matemática, consegui equacionar o x e descobri que tenho acumulado CINCO jornadas nessa minha vida pandêmica.

Entre o trabalho formal, o projeto pessoal, a faculdade, os cuidados com MM e as tarefas domésticas, venho equilibrando esses pratinhos, tentando manter o nível do aceitável em todos esses papéis. Veja bem, o MEU nível de aceitável. Não o que a sociedade espera.

O meu nível de aceitável permite pular a faxina da semana e passar uma vassourinha bem rápida só pra recolher os cabelos. Permite também que eu me recuse a apresentar um seminário em grupo, por meio de videoconferência, pra aula de ‘Brasil 3’– faço as duas provas do semestre e torço por um MM (não o meu, o da menção). Enfim, passei com a média. Que é o meu aceitável pro momento.

Às vezes me pergunto se não deveria estar brincando mais com MM (o meu, dessa vez). Mas, o meu aceitável me libera dessa culpa - me dedico bem muito no momento do banho, do colorir e do dengo pra dormir. O brincar extenuante fica pro dia do papai. E assim seguimos.

A quantidade de xícaras de café permitidas por dia também passou por reavaliação. Liberei geral! Assim como as taças (garrafas?) de vinho aos fins de semana. E o chocolate depois do almoço.

São aliados para enfrentar tudo isso. Junto com as minhas músicas preferidas. E a vela que semanalmente deixo queimar para espantar, pelo menos do meu lar, toda essa energia pesada que paira no ar.

O ritual matinal mudou – mas segue existindo. Um “muito obrigada” para galera que me acompanha e me guarda, um abraço em mim mesma pra lembrar que existe amor, e água morna com limão. Bora!

A gente precisa de estratégia pra sobreviver. Uns mais que outros. Afinal, o tsunami taí, mas tem gente de iate enquanto alguns vão de bote. Então, elabore a sua e seja fiel a ela. 

Esqueça a régua dos outros. Elas não servem nem para esses outros.

Estabelece aí seu nível de aceitável e faça o que for possível. Já te demais pro momento.

No mais, café, chocolate, vinho e VACINA!