Sim, eu acredito no amor.
E aqui não estou falando dessa ideia romântica de amor, construída pela
sociedade Ocidental colonizadora – que sempre vincula esse sentimento à renúncia
ou sofrimento, por sinal.
Estou falando de amor como força motriz. O amor per se. Que nos impele a
proteger e cuidar do objeto amado. Inclusive de nós mesmas.
Mas, hoje eu
quero falar da força do ódio.
Sim, quero legitimar o ódio.
A ira.
A revolta.
Todo mundo
sente, não me venha com chorumelas.
O ódio faz parte da gente assim como o amor. E a tristeza. E a alegria. E a
frustração. E a raiva. E a preguiça.
São todos sentimentos humanos.
Foi essa
mesma sociedade Ocidental colonizadora (interessada em dividir para conquistar)
que inventou que ódio é ruim e feio e que você não presta se sentir ódio.
Daí veio o
tempero da religião dizendo que ira é pecado capital, e você vai pro inferno se
sentir revolta e vontade de mudar toda essa merda que está aí.
“Não é merda
não”, dizem. “Nem use essa palavra! É feio! Seu sofrimento é redenção. Ignore
essa ira e aceite o seu destino.”
Conquistar.
Colonizar.
Manter você no mesmo lugar.
O ódio
movimenta. A ira quebra vidraças. A revolta nos impele a planejar para
transformar.
Pois eu,
admito, estou sobrevivendo pela força do ódio.
Sou contra
armas.
E violência.
O que não quer dizer que eu seja contra o ódio.
O ódio, se
canalizado pro lugar certo, é de muito bom proveito.
Por isso,
estou aqui usando todo meu autocontrole para pegar essa ira + revolta + ódio e
usar como combustível pra transformar a realidade – já que ela não tem sido
favorável nem pra mim nem para gente como eu. O Estado continua matando
mulheres como eu. Só pra citar um motivo.
Racionalize o ódio. Te ensinaram a racionalizar o amor – mas o amor é só
sentir. O ódio é que precisa passar pelo crivo da mente, pra ser estratégico - e
não virar ódio cego e irracional.
Vivendo no
Brasil, motivos sentir ódio e que não falta.
Aceite o seu.
E vá fazer alguma coisa pra mudar toda essa merda que está aí.
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