Esse vai para você que, há algum tempo, vem dizendo:
tá foda!
Para você
que está exausta
sozinha
sobrecarregada
Pra você que,
além da jornada de trabalho,
tem o cesto de roupa suja lotado,
a panela de molho te encarando na pia
e a culpa martelando por não dar mais atenção à cria
Pra você que
lida com a inflação,
com o preço do bujão,
os boletos que não param de chegar
e a dor na lombar
Esse vai pra
você que, de manhã, se pergunta se vai conseguir
e no fim do dia, se pergunta como conseguiu
Num ciclo infinito
que um dia se revela
no vinco da marca de expressão estampada na testa
Esse vai para você que queria ser vista
Queria uma mão estendida
Ou pelo menos alguém para cuidar da comida
Parece que ninguém vê
Que ninguém entende
Que ninguém se importa
Então,
não mesmo.
Esse é pra você,
pra te dizer que não podemos mais esperar alguém se importar
Ninguém está
vindo
Salve a si mesma!
Olhe pro espelho,
para além da marca de expressão da testa
Tá foda! Tá muito foda!
E você está viva!
Só você sabe o trabalho da porra que dá se manter viva
Fazendo tudo isso aí
Que ninguém vê, mas que movimenta o mundo
O seu mundo
O da sua cria
O dos seus sonhos
Isso é
gigante!
Parabéns!
E que você encontre uma forma de se reverenciar
De não se abandonar
Já basta o mundo lá fora
Cuide-se do jeito que você merece
E no fim do dia,
chorando no chuveiro,
pensando no que vai ser do seu cabelo
e das contas pra pagar
Lembre-se pelo menos de se abraçar.
Foi foda, mas vencemos mais um!
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