... E você estiver na Austrália, guarde muito bem porque ele custa uma fortuna!
Um chá de gengibre com mel e limão é tudo que uma pessoa gripada precisa. Mas, não é simples como ir ali no meu quintal, pegar um limaozinho e fazer um chá.
Não.
Com o dinheiro gasto para comprar um único limão, eu poderia comprar DOIS KitKats na promoção.
Quer dizer... Limão ou chocolate?
Em condições normais de temperatura e pressão, é claro que eu levaria o chocolate. Mas, gripada eu não sinto o gosto de nada, então...
Levei o chocolate assim mesmo.
E depois tive que voltar para comprar o limão, porque a gripe nem me deixou dormir.
Foi uma noite limão.
Nos momentos "limão", nada faz sentido. Você se pergunta o que está fazendo tão longe de casa.
Com o nariz entupido e a cabeça pesada você quer a sua cama, o seu pijama, a sua mãe.
Bem diferente daquele momento "chocolate", andando por um dos parques da cidade, com o mar de um lado, o gramado verde do outro, e o céu azul brigando com o Sol pra saber quem é mais bonito.
Nesses momentos, você pensa que pode morar num lugar desses pra sempre.
Longe de casa a vida é uma oscilação constante entre limão e chocolate.
É chocolate conhecer novos lugares, novas pessoas, se perder nas ruas da cidade e descobrir atalhos desconhecidos pelo GoogleMaps.
Mas, é limão não estar presente na comemoração de aniversário de velhos amigos, perder as festinhas de família, e encarar o vento gelado na cara, andando pelas ruas desconhecidas, sem conseguir respirar e raciocinar ao mesmo tempo - porque a gripe não deixa.
É chocolate perceber que a comida que você faz está ficando cada dia melhor - agora ela é comível!
Mas, é limão lembrar da farofa de banana da Cleo, da canjica da minha mãe e da pamonha da vovó.
Onde eu vou achar uma pamomha em Sydney? Sem chance!
Ficar (tão) longe de casa é uma experiência doce e azeda. Mas, não é como chocolate com limão.
É chocolate. Depois limão. Não necessariamente nessa ordem.
Você não sente os sabores misturados. Tem a hora do doce e tem a hora do azedo. E você passa de um para outro em questão de minutos. É um estado de bipolaridade.
É chocolate se sentir confiante, sabendo que é capaz de resolver os perrengues que aparecem, por mais que haja choro e ranger de dentes durante o processo.
É chocolate a sensação de que você é apenas um pontinho nesse mundão de meu Deus, e de que ninguém está nem aí se você improvisa uma burka pra se proteger do frio, vai fazer compras de moletom ou molha o biscoito no leite.
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O frio faz você perder qualquer tipo de vaidade |
Mas, também é limão essa sensação de que você é apenas um pontinho nesse mundão de meu Deus. Por isso, cresce a vontade de se cercar de gente do bem, que queria o seu bem. Cercar-se de gente chocolate!
Mas, claro, não é uma dicotomia. Há nuances entre o chocolate e o limão. E é possível passar por todas elas - ida e volta - ao longo do dia.
E nem é coisa de brasileiro. É coisa de ser humano longe de casa.
E como em Sydney tem mais "ser humano longe de casa" do que canguru, é fácil se aproximar das pessoas. Porque a gente nem sabe explicar direito o que é - muito menos em inglês - mas, todo mundo se entende.
E se acolhe. E tenta se ajudar achocolatando a vida.
PS: Falando em achocolatado, alguém avisa a Pepsico que não tem Toddy em Sydney. Tem Nescau (que é super caro, mas não ganha do limão), mas não tem Toddy. Nem nada parecido com Toddy - já testei vários. Yes, I'm a Toddy person!
E nestas nuances, chocolates e LIMÕES, que a nova cresce que a nova nasce ;-)
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