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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

Oscar 2023: "Triângulo da Tristeza"

segunda é dia de resenha e seguimos na maratona dos indicados ao oscar 2023. o filme da semana é “Triângulo da Tristeza” – a produção com uma das mais longas sequências escatológicas que eu já assisti. talvez perca para a “A Centopeia Humana” (2009), mas acho que esse é insuperável. 

 

o sueco Ruben Östlund, diretor e produtor do filme, é conhecido pelas cenas incômodas e desconfortáveis. o celebrado “The Square: A Arte da Discórdia” (2017) levou o prêmio principal do de Cannes 2018 e chegou ao Oscar no mesmo ano, indicado como Melhor Filme Estrangeiro.

 

a dobradinha se repete agora com “Triângulo da Tristeza” - já levou a Palma de Ouro de Cannes e está na lista do Oscar como Melhor Filme. 

 

vale assistir pela linha crítica que é construída – uma sátira em torno da elite financeira global e da nova carreira do momento: os influenciadores digitais.

 

mas, as cenas incômodas e desconfortáveis foram por um caminho que, particularmente, eu não curto. acho que há soluções literalmente menos nojentas para passar a mesma mensagem.

 

de forma geral, achei o filme arrastado. as cenas são longas, algumas repetitivas e que não acrescentam nada ao roteiro. os diálogos são marcados por hiatos de silêncio – alguns simbólicos, outros só chatos mesmo.

 

mas, eu gosto das piadas ardidas ressaltando as camadas de privilégios e da cutucada no choque geracional que constrange os “bem sucedidos”: idosos milionários que fizeram fortuna com a indústria da guerra versus modelos “desconstruidões” que usufruem dos mesmos luxos mas sem ter tanto dinheiro – tudo agora é permuta. 

 

gosto também da sátira às relações de poder estabelecidas por gênero e dinheiro. mas, há apenas uma breve e solitária menção à questão de raça. 

 

boa parte da história se passa num iate de luxo, durante um cruzeiro onde toda essa gente rica se encontra e contrasta com a tripulação – muitos trabalhadores imigrantes.

 

é nesse cenário que se dá a metáfora escatológica: na hora do enjoo em alta mar, não importa quantos diamantes tem o seu colar. daí vocês imaginem a cena. 

 

é quase um chafurdar em meio a uma disputa de frases ‘capitalistas’ x ‘marxistas’. a batalha é protagonizada pelos eixos da Guerra Fria, mas ao contrário: um russo milionário do ramo de fertilizantes que aplaude o capitalismo e o capitão do iate, um estadunidense defensor de Marx que faz críticas diretas ao próprio país. 

 

não é um debate profundo nem traz nenhuma novidade, mas considero o ponto alto do filme. e gosto também do trabalho de Woody Harrelson, que interpreta do capitão.

 

 

Indicações ao Oscar 2023
Melhor Filme
Melhor Roteiro Original

 

Já levou

Palma de Ouro no Festival de Cannes
Prêmio de Cinema Europeu de Melhor Filme

Prêmio de Cinema Europeu de Melhor Direção

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