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sexta-feira, 5 de junho de 2015

Enquanto uns se preocupam em boicotar boticas...

... Outros esgotam as vendas de ingresso para exibição de documentário que retrata a vida de crianças adotadas por casais homossexuais.

É isso!


Fiquei sabendo pelo Facebook sobre a polêmica campanha de Dia dos Namorados de O Boticário. É frustrante perceber que amor ainda é causa de tanto preconceito.


Sim, porque o vídeo não mostra nada além de: casais apaixonados trocando presentes.


O problema é o quê? Homem com homem e mulher com mulher?


Um dia, o problema já foi negro com branco e rico com pobre.


E nem faz muito tempo.


E nem "foi". A gente sabe que ainda " é". Mas, agora PELO MENOS é feio (e, dependendo do caso, dá cadeia, só pra lembrar) admitir publicamente esse tipo de preconceito.


Então, o mundo não está tãããão perdido assim. As mudanças vão ocorrendo. Lentamente? Bem lentamente, mas o movimento não para.


Quer ver como a tendência é melhorar?


Para a minha alegria, esta semana começou o Sydney Film Festival 2015!


Tudo bem que eu vou ter de escolher entre almoçar e assitir a algum filme, mas faz parte dessa minha nova vida de estudante.


Na verdade, eu já escolhi. Ninguém precisa almoçar todo dia, isso é invenção do mundo moderno.




São 12 dias intensos de exibição de 218 títulos, entre filmes inéditos, reeditados, documentários, animações, curtas e tudo aquilo que cinéfilo adora.

Tem longas de 68 nacionalidades diferentes (sim, tem do Brasil!), além de palestras gratuitas (!) com alguns diretores e roteiristas.


Passado o frenezi inicial, eu fui olhar com calma a programação, já que almoçar é sim para os fracos, mas eu sou meio fraca. Precisava garimpar dois filmes no meio de uma lista linda dessa.


Foi então que dei de cara com Gayby Baby. Trata-se de um documentário australiano sobre a vida de quatro crianças que estão sendo criadas por casais do mesmo sexo. É uma investigação para saber quem elas são, como vivem e o que acham de ter dois pais ou duas mães.


[Encaixe aqui a piadinha do Globo Repórter]


E aí, rolou boicote?


Os ingressos para o primeiro dia de exibição do documentário esgotaram antes do festival começar.



E tem mais: Gayby Baby foi produzido por uma fundação sem fins lucrativos, criada com a finalidade de arrecadar recursos, por meio de doações, para patrocinar documentários pautados por causas sociais - é a DAF (Documentary Australia Foundation).

Ou seja, não boicataram, incentivaram a produção doando dinheiro e selecionaram para disputar, com outros nove títulos produzidos da mesma forma, o prêmio de melhor documentário do ano.


Pessoal, há uma esperança!


Enquanto a gente discute se pode mostrar beijo, curtir vídeo ou comprar perfume da marca que aceita a realidade como ela é, tem uma galera que já admite isso como um fato e está correndo atrás é de estudar as transformações culturais e sociais geradas por esse fato.


Muito mais justo e humano do que fingir que homossexuais não existem e não constroem famílias.


E não trocam presentes no Dia do Namorados.


Pode ser lento, podemos estar meio atrasados, mas olha aí: dá pra chegar!


O mundo anda é para frente!  E o progresso é visível. Pode até ter uma galera querendo segurar o avanço, mas tem mais gente empurrando!


Há 30 anos um casamento interracial não era bem visto. Nenhuma das famílias achava "certo". Mas, e aí? Eu nasci!


Meus pais são casados até hoje e lá em casa ninguém é E.T.


Não adianta boicotar. O amor não funciona com a lógica capitalista, fundamelista, egoísta. E é o amor que impulsiona o progresso.


E eu vou para aqui antes que fique onírico demais.


PS: Favor não me boicotar.










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