É isso!
Fiquei sabendo pelo Facebook sobre a polêmica campanha de Dia dos Namorados de O Boticário. É frustrante perceber que amor ainda é causa de tanto preconceito.
Sim, porque o vídeo não mostra nada além de: casais apaixonados trocando presentes.
O problema é o quê? Homem com homem e mulher com mulher?
Um dia, o problema já foi negro com branco e rico com pobre.
E nem faz muito tempo.
E nem "foi". A gente sabe que ainda " é". Mas, agora PELO MENOS é feio (e, dependendo do caso, dá cadeia, só pra lembrar) admitir publicamente esse tipo de preconceito.
Então, o mundo não está tãããão perdido assim. As mudanças vão ocorrendo. Lentamente? Bem lentamente, mas o movimento não para.
Quer ver como a tendência é melhorar?
Para a minha alegria, esta semana começou o Sydney Film Festival 2015!
Tudo bem que eu vou ter de escolher entre almoçar e assitir a algum filme, mas faz parte dessa minha nova vida de estudante.
Na verdade, eu já escolhi. Ninguém precisa almoçar todo dia, isso é invenção do mundo moderno.
São 12 dias intensos de exibição de 218 títulos, entre filmes inéditos, reeditados, documentários, animações, curtas e tudo aquilo que cinéfilo adora.
Tem longas de 68 nacionalidades diferentes (sim, tem do Brasil!), além de palestras gratuitas (!) com alguns diretores e roteiristas.
Passado o frenezi inicial, eu fui olhar com calma a programação, já que almoçar é sim para os fracos, mas eu sou meio fraca. Precisava garimpar dois filmes no meio de uma lista linda dessa.
Foi então que dei de cara com Gayby Baby. Trata-se de um documentário australiano sobre a vida de quatro crianças que estão sendo criadas por casais do mesmo sexo. É uma investigação para saber quem elas são, como vivem e o que acham de ter dois pais ou duas mães.
[Encaixe aqui a piadinha do Globo Repórter]
E aí, rolou boicote?
Os ingressos para o primeiro dia de exibição do documentário esgotaram antes do festival começar.
E tem mais: Gayby Baby foi produzido por uma fundação sem fins lucrativos, criada com a finalidade de arrecadar recursos, por meio de doações, para patrocinar documentários pautados por causas sociais - é a DAF (Documentary Australia Foundation).
Ou seja, não boicataram, incentivaram a produção doando dinheiro e selecionaram para disputar, com outros nove títulos produzidos da mesma forma, o prêmio de melhor documentário do ano.
Pessoal, há uma esperança!
Enquanto a gente discute se pode mostrar beijo, curtir vídeo ou comprar perfume da marca que aceita a realidade como ela é, tem uma galera que já admite isso como um fato e está correndo atrás é de estudar as transformações culturais e sociais geradas por esse fato.
Muito mais justo e humano do que fingir que homossexuais não existem e não constroem famílias.
E não trocam presentes no Dia do Namorados.
Pode ser lento, podemos estar meio atrasados, mas olha aí: dá pra chegar!
O mundo anda é para frente! E o progresso é visível. Pode até ter uma galera querendo segurar o avanço, mas tem mais gente empurrando!
Há 30 anos um casamento interracial não era bem visto. Nenhuma das famílias achava "certo". Mas, e aí? Eu nasci!
Meus pais são casados até hoje e lá em casa ninguém é E.T.
Não adianta boicotar. O amor não funciona com a lógica capitalista, fundamelista, egoísta. E é o amor que impulsiona o progresso.
E eu vou para aqui antes que fique onírico demais.
PS: Favor não me boicotar.
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