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terça-feira, 23 de março de 2021

Soul

 

Uma animação da Disney com protagonismo preto. Apenas a notícia da produção de “Soul” gerou muita expectativa.

Eu não estava no grupo das mais animadas. Acompanhei o burburinho, li as críticas sobre a dismorfia do personagem principal - que, apesar de ser preto passava a maior parte do filme sendo “alma”, etc, etc, etc.

Mas, é um desenho preto. Na minha infância ninguém mexia com isso não. Cresci numa sociedade que naturalizava o padrão branco. Não se ver na TV era o normal. Então, a criança dentro de mim gritava – vai lá ver!

Fui. De forma bem aberta. E gostei bastante.
Do enredo, da forma encontrada para tratar a morte e principalmente da mensagem que, pra mim, é central: a vida é uma sequência de pequenos momentos e cada um deles importa muito.

 O fato dos personagens serem pretos é agregador. No meu entender, não há nenhuma discussão direta de raça em “Soul”. É a história de um homem negro - pianista, amante de jazz, professor. E negro. Um cidadão normal. Negro.

É isso que somos. Pessoas negras com conflitos, desejos, incoerências, dúvidas, medos... Ver pessoas negras assim, de forma natural, é MUITO importante. É combater o naturalizado padrão branco.

Ponto pra “Soul”!

Além disso, acho muito interessante o fato da reflexão sobre o “sentido da vida” ser abordada em uma animação. Atinge crianças e adultos de forma diferente, obviamente. Eu fui junto com Joe, o protagonista. Minha ficha caiu praticamente junto com a dele. E a epifania embalada por uma trilha de jazz emocional, tocada no piano... foi deságue. Acabei aos prantos.

E não vou me alongar sobre essas epifanias porque todos os meus textos aqui no Cortisol são, basicamente, sobre elas.

“Soul” concorre a melhor animação e melhor trilha sonora no Oscar 2021. Está disponível no Disney+

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