Uma animação da Disney com protagonismo preto. Apenas a
notícia da produção de “Soul” gerou muita expectativa.
Eu não estava no grupo das mais animadas. Acompanhei o
burburinho, li as críticas sobre a dismorfia do personagem principal - que,
apesar de ser preto passava a maior parte do filme sendo “alma”, etc, etc, etc.
Mas, é um desenho preto. Na minha infância ninguém mexia com
isso não. Cresci numa sociedade que naturalizava o padrão branco. Não se ver na
TV era o normal. Então, a criança dentro de mim gritava – vai lá ver!
Fui. De forma bem aberta. E gostei bastante.
Do enredo, da forma encontrada para tratar a morte e principalmente da mensagem
que, pra mim, é central: a vida é uma sequência de pequenos momentos e cada um
deles importa muito.
O fato dos
personagens serem pretos é agregador. No meu entender, não há nenhuma discussão
direta de raça em “Soul”. É a história de um homem negro - pianista, amante de
jazz, professor. E negro. Um cidadão normal. Negro.
É isso que somos. Pessoas negras com conflitos, desejos,
incoerências, dúvidas, medos... Ver pessoas negras assim, de forma natural, é
MUITO importante. É combater o naturalizado padrão branco.
Ponto pra “Soul”!
Além disso, acho muito interessante o fato da reflexão sobre
o “sentido da vida” ser abordada em uma animação. Atinge crianças e adultos de
forma diferente, obviamente. Eu fui junto com Joe, o protagonista. Minha ficha
caiu praticamente junto com a dele. E a epifania embalada por uma trilha de
jazz emocional, tocada no piano... foi deságue. Acabei aos prantos.
E não vou me alongar sobre essas epifanias porque todos os meus
textos aqui no Cortisol são, basicamente, sobre elas.
“Soul” concorre a melhor animação e melhor trilha sonora no Oscar 2021. Está
disponível no Disney+
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