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sábado, 20 de março de 2021

Uma canção para Latasha

Eu sempre gosto de acompanhar os filmes indicados ao Oscar. Sei e não esqueço que ter essa premiação como “validador” é injusto, já que a Academia segue reproduzindo os preconceitos da sociedade.

Recentemente, após uma avalanche de críticas, notamos um esforço para pelo menos indicar produções fora do padrão do “homem branco ocidental”. E, como há algum tempo tenho optado por ver filmes que me tiram desse eixo, este ano o que me interessa é o protagonismo preto.

Começo pela lista dos documentários – gênero que muito me agrada, por sinal. Concorrendo como melhor doc de curta-metragem:  “Uma canção para Latasha”.

Gosto da dança de ideias do título. É um documentário “sobre”, mas se pretende uma canção “para”. Conseguiu abarcar os dois conceitos.

A melhor amiga e a prima de Latasha apresentam a menina, narrando passagens, contando um pouco da história de vida dessa jovem negra, moradora de Los Angeles na década de 1980.

Os recursos da edição, que mistura personagens reais com atores e ilustrações, fazem os 18 minutos do documentário parecerem mais curtos. Mesmo quem não conhece a história – que foi razão de vários protestos nos EUA na época dos fatos – percebe que o final não é feliz.

Eu acabei com um nó na garganta – de dor e de raiva. Importante não deixar casos com o de Latasha caírem no esquecimento – até porque, eles continuam acontecendo. E é potente ver como tragédias podem se tornar protestos poéticos. Canções-documentários. Documentários-canções.

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